Seva

Ford Madox Brown ( 1821-1893 )
Jesus lavando os pés de Pedro, 1852-56, óleo sobre tela,
Tate Gallery, Londres.
(do sânscrito Sevaa)

Seva é servir desinteressadamente, sem interesse em benefícios pessoais.
É uma maneira de melhorar as relações de uma comunidade, promover o bem comum e elevar o padrão moral de quem pratica. Seva é uma forma de expressar Amor.

Seva em sânscrito quer dizer prestar um serviço, ou atender alguém, pela alegria de o fazer, repetidas vezes. Tradicionalmente Seva, que é o trabalho voluntário sem expectativas de retorno, é um companheiro da prática de meditação.

Meditar com disciplina exige esforço e traz inúmeros benefícios. Mas há o risco da pessoa praticante desenvolver “ego espiritual”. Em outras palavras, achar que é uma pessoa superior às outras, porque medita. Esse isolamento, que desemboca em um narcisismo prejudicial, acaba por afastar o meditador dos benefícios principais da meditação, que são o amor, a alegria, a humildade espiritual, o senso de irmandade universal e a compaixão. Surge então a recomendação da prática de seva. Dedicar algum tempo para fazer algo de bom para outras pessoas, principalmente as necessitadas, e, se possível, com as quais não tenhamos nenhum relacionamento pessoal, de nenhum tipo. E com uma postura e atenção humilde, de servir.

O maior desafio da Seva é não esperar nada em troca, nem mesmo um agradecimento. E não sair contando para todo mundo o que você fez. Ser discreto. E nesse ponto a prática de Seva também se torna uma meditação profunda. Observar nossos próprios pensamentos e emoções, para conseguirmos nos manter isentos de expectativa. É uma experiência de autoconhecimento bastante intensa.

Somos treinados desde crianças a fazer algo esperando um retorno. E nesse processo, muitos de nós esquecemos o poder da doação, pois transformamos tudo em trocas, inclusive os relacionamentos pessoais.

A prática de Seva pode ser libertadora em diversos sentidos. Fazer o bem, pelo objetivo único de promover o bem, tem efeito terapêutico para a comunidade, e principalmente para quem pratica.

Reserve, por exemplo, um par de horas por mês. Ou apenas uma hora. E doe esse tempo para alguém. Nosso tempo com alguém é algo que o dinheiro não pode substituir, ainda que doar dinheiro, alimento e recursos materiais, também possa ser bom e necessário.

Você pode procurar alguma organização que preste serviços voluntários e colaborar. Ou ter alguma iniciativa pessoal, desde que com orientação de quem conhece o assunto.
Há quem cozinhe e ofereça os alimentos em orfanatos ou asilos. Há quem vá fazer companhia para órfãos, asilados ou enfermos. Presta auxílio em centros de valorização da vida, dá aulas, auxilia estudantes com dificuldades etc.

Pesquise e faça seu melhor.
 E não espere nada em troca. Interessantemente, quanto menos esperar em retorno, mais vai receber, espiritualmente. E ainda assim, é necessário se esforçar para não esperar nada. É também um exercício de desapego e de aprimoramento da consciência do poder de doar. É Amor em prática.

A Ressurreição dos Filhos do Brâmane

 

26 de agosto de 2021 contei e estudamos um pouco a história do Bhagavatan Purana X, "A Ressurreição dos Filhos do Brâmane" (ou dos Brâmanes).

A aluna do grupo de Meditação Básica, Vitória Leopoldina, fez umas perguntas bem interessantes, depois da aula, e estou postando aqui, para quem se interessar. Quem quiser conhecer a história, procure no Bhagavatan.


1- Céu, sobre a história de ontem, fiquei examinando interessante isso de eles terem que atravessar toda a existência para encontrar a si mesmos e isso do sete, sete mundos, sete oceanos... Interessante esse número, são sete dias o nosso ciclo da lua e da semana, digo parece uma metáfora de atravessarmos o nosso cotidiano, a nossa própria existência para encontrar esse nosso eu humano e supremo em outro nível. é isso?

Sim, isso mesmo. Sete é um número que representa todos os níveis possíveis da existência humana. É quase um arquétipo, porque aparece com esse significado em diversas culturas. No Budismo são os sete fatores da iluminação. No Islão o peregrino dá sete voltas em torno da Kaaba. Para os Sufi são sete os pilares da sabedoria. São sete as estrelas principais das Plêiades. No Antigo Testamento, sete sacerdotes tocando sete trombetas deram sete voltas em torno de Jericó e no sétimo dia derrubaram suas muralhas. São sete os pedidos do Pai Nosso. Maria Madalena (Lucas 8:2) se purifica ao expelir sete demônios. No Apocalipse (Revelação), 1:12 Jesus surge no meio de sete luzes (candeeiros), além dos sete selos 5:1, as sete tochas que são os sete espíritos de Deus 4:5, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc. Sete notas musicais, sete cores do arco-íris e eu poderia passar 7 x 7 dias lembrando setes. (Mas meu preferido continuaria sendo os sete anões da Branca de Neve).

Na Yoga e no significado védico específico dessa história, sete representa, como eu disse acima, os sete níveis da existência humana, que se projetam na coluna vertebral (que é o próprio arco Gandiva), em sete chakras principais:

1- Sobrevivência e acúmulo material
2- Sexualidade e família
3- Alimentação e poder físico
4- Emoções
5- Comunicação e ideias
6- Consciência de si
7- Consciência espiritual

Arjuna tem enorme conhecimento e é capaz de visitar todos os planos da existência, materiais e astrais. Arjuna é o guerreiro espiritual, cujo arquétipo no tarot é o arcano número sete. Mas precisa de Krshna para ir ALÉM da existência, além de tudo que pode, e chegar na causa original, além de tudo que é manifesto e é a própria fonte da manifestação.


2- Mas fiquei pensando, por que uma cobra de mil cabeças? Digo, poderia ser tantos outros seres, é um símbolo?

Cobras e serpentes são um dos arquétipos mais presentes no imaginário e no inconsciente de todas as culturas, todas as épocas e lugares. E não é diferente na mitologia das Puranas. Há no entanto aqui, simbologias bem distintas:
A- Serpentes podem representar os vícios humanos, como na contraposição entre a águia Garuda, que representa a ação purificadora de Lei Cósmica, e seus inimigos ancestrais, as 1000 serpentes.
B- Cobras surgem como Nagas, principalmente nas Puranas com raízes em culturas xamânicas (até hoje as Nagas são reverencidas no Ladak, por exemplo). São Espíritos da Natureza fonte de poder, medicina e conhecimento.
C- Cobras de tamanho fabuloso, como Ananta, nesta história que estudamos, simbolizam o infinito. A palavra Ananta quer dizer “imensurável, o que não pode ser medido”. Em todas as culturas, o sentimento de SUBLIME é despertado por aquilo que não se consegue perceber o fim, aquilo que leva ao infinito. Nesta história Ananta é descrita como branca resplandecente, mas com a goela azul o mais profundo, que são os dois aspectos luminosos do cosmos infinito. Outra cobra infinita nesta mesma mitologia é Kala, que quer dizer “Tempo”.

Ananta, que é o leito da Divindade Suprema, suspensa no Oceano Infinito da Luz ou da Escuridão, representa também todos os seres viventes, já que são eles o próprio reflexo e suporte da manifestação Divina. O número 1000, nesta mitologia, é sinônimo de Infinito. Dizer 1000, ou dizer infinito, é a mesma coisa. Mil cabeças querem dizer então infinitos seres viventes. Mas repare que são 2000 olhos. Isso quer dizer que todas essas infinitas cabeças estão no mundo da dualidade. Ou seja, ignoram que são a manifestação divina, mesmo sendo sua própria sustentação.
D- A cobra também está associada à força vivente na coluna vertebral, a Kundalini. Neste caso, esta é a serpente que pode ser, dependendo do despertar da consciência de cada um, cada uma das três que descrevi acima:
- Pode se manifestar em vícios, quando agindo na inconsciência e na ilusão. (material)

- Pode ser a força mística de cada ser. (astral)
- Pode ser o caminho para o infinito, a consciência suprema realizada. (causal)


3- E o que significa 10 mortes levarem a essa busca atravessando toda a existência? É uma representação também?

São mortes de recém-nascidos. Ou seja, estão em desacordo com a harmonia da Vida. E não apenas uma, mas diversas, seguidamente, para que não reste dúvida de que algo está errado. E no reino de Krshna, que é um Avatar – alguém cuja missão, propósito da existência, é restaurar o Dharma, que é a Harmonia Espiritual, a Lei Universal. Realmente algo está completamente fora do lugar, nos diz o início da narrativa.

A mensagem da história é que aquilo que parece estar muito errado com o mundo, com a comunidade onde estamos, é um chamado para a ação. Um impulso para buscarmos nossa razão de existir, nosso senso de fraternidade, de amor ao próximo e, mais que tudo, a fonte de nossa consciência Espiritual. Há quem diga que o fato de Deus permitir que haja tanta injustiça e sofrimento é a prova de que ele não existe. Mas a história nos diz que esses são exatamente os chamados para sairmos da comodidade de nosso egoísmo, de nosso narcisismo, e nos tornarmos como Arjuna, guerreiros Espirituais. Ou seja, enfrentarmos nossa ignorância e buscarmos a Suprema Consciência.

Arjuna busca as crianças mortas em todos os mundos e planos da existência. E não encontra. E ele fez isso por seu amor pelos pais das crianças, pelas crianças e principalmente por seu amigo Krshna. Mas o próprio Krshna sabia onde estavam as crianças e é quem leva Arjuna a elas, depois que este esgota todos seus recursos. Ou seja, tudo aquilo era apenas um teste, uma prova, para incentivar Arjuna a expandir sua consciência e agir, realizando seu valor e amor ao próximo e à Divindade. O agir, o esforço, a ação amorosa, o senso de sacrifício de Arjuna eram o objetivo de tudo, e não encontrar as crianças. Porque elas estavam o tempo todo bem abrigadas no coração da Suprema Existência. Tudo era apenas uma ilusão de sofrimento para mover Arjuna e permitir a realização plena de seu potencial espiritual. E uma vez que ele luta com todas as suas forças, por compaixão aos outros, chegando ao ponto do completo desapego, oferecendo-se para sacrifício até mesmo físico, a Divindade se revela e o abençoa com a Suprema Visão.

De fato, observo que a maioria das pessoas que dizem estar buscando conhecimento e evolução espiritual, em todos os grupos que conheci, e mesmo nas nossas sanghas da Kriya, estão buscando apenas para elas próprias. Para resolver seus próprios problemas, para aprimorarem a si mesmas e se livrarem do próprio sofrimento, ou por ego espiritual, para se julgarem superiores a outras pessoas que não buscam. Raras as que buscam espiritualmente porque estão preocupadas com o sofrimento alheio. E não vejo que exista ensino, técnica, prática de qualquer tipo que possa mudar isso. A decisão de olhar para os outros e amá-los tanto quanto se ama a si mesmo ainda é puro livre-arbítrio. Mas talvez seja o único movimento verdadeiro, que realmente leva a alcançar o entendimento supremo, a Realidade Transcendental.

Arjuna já era vitorioso mesmo antes de realizar todos os feitos que realizou nessa história e alcançar a Graça Divina, porque desde o início se moveu pelo Amor aos semelhantes e ao seu amigo Krshna, e não por narcisismo egóico. Firmou-se em si (- Não sou tão poderoso quanto os outros, mas sou Arjuna e tenho meu arco Gandiva, posso lutar e, se não conseguir ao menos terei lutado) e foi em frente, disposto ao sacrifício (sacro ofício, consagrar a ação, tornar-se um com o Sagrado).

Quanto ao número de crianças mortas, dez, não sei se é um número qualquer ou realmente simboliza algo específico. O mais importante, me parece, é que significa que “passou do limite, passou de qualquer ponto tolerável”.

O dez é o número mais básico e próximo de nós como limite matemático. Mesmo quem não tem nenhum conhecimento sabe usar os dez dedos da mão para contar. E o limite é justamente dez.

Alguns textos védicos, nos quais o próprio Baba Hariharananda se apoia, dizem que dez são as direções no mundo físico (norte-sul-leste-oeste-nordeste-noroeste-sudeste-sudoeste-acima-abaixo) e dez são os sentidos do mundo físico (visão-olfato-paladar-audição-tato-sexo-excreção-andar-manipular e mente). Dez seria então o limite da nossa experiência no mundo material e a partir daí, esgotado, começamos a perceber que a busca, de fato, está além desse limite.

Mas se alguém tiver uma explicação melhor para esse dez, ou para todas essas perguntas da nossa amiga Vitória, também estou querendo saber.

Com Amor

Y Céu


Carta Abierta - Open Letter - Carta Aberta

Esta es una carta abierta de Yogacharya Céu a kriyayogins y yogacharyas
This is an open letter from Yogacharya Céu to kriyayogins and yogacharyas
Esta é uma carta aberta do Yogacharya Céu aos kriyayogins e yogacharyas

ESPANÕL - ENGLISH – PORTUGUÊS


ESPANÕL

Guru Purnima, 2021

Hari Hara Om
Guru Kripa Hi Kevalam
Saludo a todos los Bienaventurados Iluminados, Seres Sagrados de todas las culturas y direcciones.

Yogi Swami Sarveshwarananda Giri dejó el cuerpo físico hace una luna, el 25 de junio. Durante este período he estado preparándome para escribir esta carta abierta, con el objeto de ofrecerles lo mejor que pueda y sugerir a los queridos estudiantes kriyayogins de Yogiji una dirección a seguir de ahora en adelante. Sigo siendo una persona con limitaciones y defectos, por lo que les pido a los gurús que bendigan mis pensamientos y mis palabras, para que me sea posible, pese a mi imperfección, ser su instrumento.

En este período de 21 años en el que conviví con Swamiji, en un momento dado nos miramos profundamente a los ojos y nos reconocimos como hermanos. Así que yo podría reunir muchas historias y hechos sobre ese tiempo en el que estuvimos juntos, para contarles sobre su gracia, alegría y disposición divina. Podría, sin éxito, intentar explicarles, qué me provocó su repentina partida. Pero me atendré a lo que creo ser lo más importante para aquellos que verdaderamente buscan la conciencia del Kriya.

Esencialmente, sea siempre honesto y sincero, consigo mismo y con los demás. Déjese guiar por la humildad y el Amor. Y busque tan solo al Gurú. No se deje engañar por los adornos de la forma: que uno tenga barba, viene de la India y se vista de colores naranja no significa que sea un verdadero gurú. No se deje engañar por las trampas del ego y la vanidad, ni del tuyo ni de los demás: los narcisistas hacen lo que sea por conseguir seguidores y no son gurús.

Cuando estuve por primera vez ante la forma física de Baba Hariharananda, me encontraba en el ashram de Homestead. En este momento, tenía más de dos décadas de experiencia vivida con organizaciones religiosas y humanitarias. También me había dedicado a lo largo de este periodo a estudiar otras prácticas avanzadas de meditación y el despertar de la conciencia. Esta experiencia previa me permitió reconocer fácilmente que el Kriya Yoga, que recibí de Baba, es superior a cualquier otra experiencia que había tenido. Y también darme cuenta de que alrededor de Baba orbitaban diferentes tipos de criaturas. Algunas muy políticas y con agendas de poder, dinero y vanidad. ¡Ojo! Campo minado.

No hay nada que supere, para un mortal ignorante, la Gracia Divina del Divino Maestro.

A quienes preguntaban cuál es el significado de su nombre, Swami Sarveshwarananda solía responderles: “Alegría Divina en todas las cosas”. Pero esta respuesta, que no es exactamente precisa, nos dice mucho sobre su carácter. El significado más aproximado sería "Bendición del Poder del Supremo Señor Divino" o "Poder del Absoluto". 

Una vez le mencioné esto, en tono de pregunta, pero ya sabía que su modestia, humildad y reverencia hacia Baba Hariharananda serían la respuesta. Él, de forma muy simple y sin afectación, me explicó que cuando recibió su nombre monástico de Baba, se sorprendió. Le pareció demasiado, pero no quiso cuestionarle al Gurú, y encontró, como solución, esta respuesta. Me dijo: - ¿Qué puede ser más poderoso y divino que la alegría? Y en TODAS las cosas…

Así era nuestro amado Yogiji. Una persona que JAMÁS acudiría a Baba a pedirle que lo llamaran Paramahamsa, para fines de marketing personal. Cuando, tras el Mahasamadhi del Amado Gurú, fue vilmente traicionado por un compañero monje, no le guardó rencor, y hasta el final de su vida jamás pronunció una palabra de deshonra sobre esta pobre alma. Al contrario, siempre encontraba la forma de ver y hablar algo positivo sobre él.

Sarveshwarananda no alcanzó, al menos en la vida material, la conciencia absoluta. Así como ningún otro discípulo o discípula de Baba. Hasta donde sabemos, hasta el momento, solo Rajarshi Raghabananda alcanzó el estado de Savikalpa. E inducido por Sree Hariharananda. Nuestro querido Sree Rajarshi siempre cultivó la humildad de admitirlo, al no permitir, como muchos otros, que se crearan falsas mitificaciones. Siempre se mantuvo fiel a la misión de la Verdad y la Liberación. Estoy absolutamente seguro de que esta actitud le trajo y sigue trayendo bendiciones a él y a todos los que lo cultivan en su corazón.

Del mismo modo, Sarveshji continuó trabajando pacientemente a lo largo de los años por la memoria libre del auténtico linaje del Kriya Yoga. Entre todos los yogacharyas y discípulos directos de Baba con quienes conviví, él fue el único que, frente a mí, supo reconocer un error y tratar de corregirlo. Como dice Baba, el error no es para el error, el error es para corrección. Pero siguen siendo muy raras las almas que tienen esta conciencia. Yo mismo no sé si soy capaz de este tipo de actitud. Soy tan solo un pequeñísimo yogacharya y, al menos, lo admito.

Si quiere algunos consejos de este pequeño profesor para su viaje, preste atención:

Cuando Baba Hariharananda dejó el cuerpo físico, Sarvesh estuvo dos años en retiro en el las Himalayas y nos quedamos sin maestro. Lo que mantuvo encendida la luz que nos guió a mí y a nuestra modesta sangha en São Paulo fue el trabajo de seva del Arca del Amor. Por cierto, creada por la alegre inspiración de Sarvesh Babaji. Si desea profundizar su claridad espiritual, acuérdese de esto. Dedicar algo de su tiempo, y de su trabajo, con Amor, a los que más lo necesitan, sin esperar nada a cambio. Éste es el camino de la Gracia. Pero asegúrese de no esperar nada a cambio. Una paradoja...

¡Ojo!

Tenga cuidado con aquellos que utilizan el Kriya Yoga para ganar dinero o para sus realizaciones personales. Y no sea usted esta persona. Si lo que quiere es su realización personal y dinero, búsquelo en una carrera profesional, en su trabajo para la comunidad, para el mundo. Si quiere trabajar y pagar sus cuentas con algo en la órbita del Kriya Yoga, desempéñese como terapeuta o médico ayurveda, masajista thai, acupunturista, profesor de Vedanta, consultor de Jyotisha, etc. Pero preserve el Kriya Yoga de los deseos materiales. El Kriya Yoga tiene que ver con el desapego y la humildad.

Entiendo que un yogacharya es un conserje, con una escoba y un cubo de agua que, modestamente, mantiene la puerta limpia y abierta. Y así, pendiente de que la puerta esté libre de impedimentos para que otros puedan pasar, poco a poco va realizando el trabajo del Gurú, de quien es mero - pero divino - testigo.

Tenga cuidado con las grandes organizaciones que inevitablemente corrompen la transmisión del Kriya Yoga. Una de ellas, famosa, lanzó hace unos años un libro, en tres grandes volúmenes que, según se lee en la portada, fue escrito por Paramahansa Yogananda. El libro es falso, no fue escrito por él. Al leerlo con atención, en sus líneas, de forma disfrazada reconocen esto. Pero el intento de engañar al lector y ganar dinero es evidente. Otra gran organización está dirigida por un exalumno que, poco después del mahasamadhi del Gurú, ya estaba yendo en contra de las enseñanzas del propio Gurú sistemáticamente, mediante una estrategia de marketing financiero. Y sigue haciéndolo hasta el día de hoy.

Mucho mejor es una pequeña sangha de buscadores sinceros, que ayudan y colaboran con modestia y fraternidad. El trabajo de los Gurús y la Madre Divina es noble en su propia humildad. No hay necesidad de pompa. Todo lo contrario. Recuerde a Sree Lahiri Maharaj.

Por cierto, cuidado con los libros. No se deje engañar por la cantidad. Hay pocos imprescindibles y muchos innecesarios. Baba Hariharananda escribió poco en comparación con otros maestros, pero pulió diamantes.

Cuidado con los chismes. No sea un chismoso.

Tenga cuidado con los yogacharyas que utilicen las enseñanzas de los Gurús como moneda de cambio para ganar poder sobre sus estudiantes y alimentar la ilusión narcisista de que son superiores a sus alumnos. Están lejos, perdidos en el ego y ni siquiera lo saben. Kriya Yoga no es una carrera, no es una competencia. El Gurú es la generosidad misma... Pero no echa perlas a los cerdos.

Ser un Yogacharya es desarrollar la capacidad de escuchar el Alma de otra persona. Y para eso, es necesario el desapego total del ego y la vanidad, y la completa realización de su propia Alma. Solo un maestro consumado es un verdadero Yogacharya. El resto, tenemos que apoyarnos mutuamente y hacer lo mejor que podamos y un poco más.

La transmisión del Kriya Yoga es personal. La proximidad física y el esfuerzo por esta proximidad forman parte del proceso. La INICIACIÓN se lleva a cabo frente al yogacharya, con ambas personas presentes en el mismo lugar geográfico. Tenga cuidado con las ilusiones de las redes sociales y la tecnología moderna. Hay una ilusión de cercanía que lo único que hace es agregarle otra capa de velos a tantos otros velos de Maya.

No se preocupe si el Gurú ya no está en su cuerpo físico. Si realmente está buscando una respuesta, una guía, usted la encontrará. Siga puliendo su propia conciencia con las técnicas de Kriya que ya haya recibido. No se preocupe por el grado de la técnica. Para el buscador sincero, lo único necesario es la respiración. En la cima. El verdadero Gurú es generoso y usted, lo que realmente necesita, es saber reconocer las fantasías de su propio ego, para poder discernir entre la manifestación del Alma Inmortal y un delirio narcisista.

Esto se lo voy a decir solo para que se tranquilice y sepa que es posible: He recibido, y sigo recibiendo, innumerables darshans directos, guiándome, tanto en la técnica de Kriya como en respuesta a preguntas intrincadas y aparentemente sin respuesta, guiando mi vida personal, física, emocional y espiritual. El Maestro Divino está presente entre nosotros.

La victoria del maestro es que el alumno aprenda la lección y se convierta también en un maestro. La victoria del Gurú es la liberación del alumno. Jai Guru Dev

Me inclino a los Gurús y a su amado discípulo Yogiji Sree Swami Sarveshwarananda Giri, quien camina eternamente, liberado por la luz amorosa de su esfuerzo alegre, por los armoniosos campos en flor del piedemonte.

Me inclino ante el Océano Infinito de Luz y Paz. Me inclino para que la Verdad del Amor quede eternamente inscrita en el oro de mi corazón. Me inclino al poder absoluto de la manifestación Divina en cualquier circunstancia. Me inclino a la sabiduría liberadora de los Niños Kumaras.

No me dejen nunca.

Con Amor, Amor, Amor. Con Alegría,



ENGLISH

Guru Purnima, 2021

Hari Hara Om
Guru Kripa Hi Kevalam
I greet all the Enlightened Blessed Ones, Holy Ones from all cultures and directions.

Yogi Swami Sarveshwarananda Giri left his physical body a moon ago on the 25th of June. During this period, I have been preparing to write this open letter. The aim is to offer, to the dear kriyayogin students of Yogiji, the best I can, a guidance to keep forward. I am still a person with limitations and defects, and so I ask the Gurus to bless my thoughts and my words, so that I can, however imperfect, be their instrument.

In this 21-year period that I lived with Swamiji, at one point, we looked deeply at each other and recognized each other as brothers. So, I could string together many stories and facts about this past time together, to talk about his grace, joy, and divine disposition. I could try to explain, unsuccessfully, what his sudden departure caused me. But I will stick to what I believe is fundamental to those who truly seek Kriya consciousness.

Essentially, always be honest and truthful, with yourself and others. Be guided by humility and Love. And just seek the Guru. Don't let yourself be fooled by the trappings of the form: it´s not because someone has a beard, is from India and dresses in orange, that is a true guru. Don't let yourself be deceived by the traps of ego and vanity, neither the one of yourself nor the one of the others: Narcissists do everything they can to have followers, and they are not gurus.

When I first encountered the physical form of Baba Hariharananda, it was at the Homestead Ashram. At that time, I had already more than two previous decades of well-lived experience with religious and humanitarian organizations. I also had had that same time of study of other advanced practices of meditation and awareness raising. This previous experience allowed me the ease of recognizing that the Kriya Yoga, which I received from Baba, is superior to any other experience I had ever had. And to realize that around Baba, different kinds of creatures orbited. And some very political, with agendas of power, money, and vanity. Watch out, minefield!

There is nothing that surpasses, for an ignorant mortal, the Divine Grace of the Divine Master.

Swami Sarveshwarananda used to answer those who asked the meaning of his name: "Divine joy in all things." But this answer, that is not exactly accurate, says a lot about his fineness. The closest common meaning is "Blessing of the Power of the Supreme Divine Lord." or “Power of the Absolute”.

I once mentioned this to him, in a questioning tone, but already knowing that his modesty, humility and reverence to Baba Hariharananda were the answer. He simply and without affectation explained to me that when he received his monastic name from Baba, he was surprised. He thought it was too much, but he didn't want to question the Guru. So, he found, as a solution, that answer. He told me: -What can be more powerful and divine than Joy? And in ALL things...

Such was our beloved Yogiji. NEVER a person who would go to Baba ask to be called Paramahamsa, for personal marketing purposes. When, after the Mahasamadhi of the Beloved Guru, he was vilely betrayed by a fellow monk, he held no grudges, and to the end of his life he never uttered a word of discrediting about that poor soul. On the contrary, he always found some way to observe and quote something positive about him.

Sarveshwarananda has not attained, at least in material life, absolute consciousness. Just like no other disciple of Baba. As far as we know, so far, only Rajarshi Raghabananda knew Savikalpa. And by Sree Hariharananda's induction. And our dear Sree Rajarshi has always cultivated the humility to admit this, not having, like many others, allowed false myths to be created. He always remained faithful to the mission of truth and liberation. I am sure that this attitude has brought and brings blessings to him, and to all who cultivate him in their hearts.

Likewise, Sarveshji patiently continued to work over the years for the liberated memory of the authentic Kriya Yoga lineage. And of all the yogacharyas and direct disciples of Baba with whom I was acquainted, he was the only one who, in front of me, recognized an error and seek to correct it. As Baba says, an error is not for error, an error is for correction. But the souls who have this awareness are still very rare. I don't know if I'm capable of that kind of attitude. But I'm just a tiny yogacharya, and at least I don't hide it.

If you want some advice from this little teacher, for your journey, pay attention:

When Baba Hariharananda left the physical body, and Sarvesh went to his two-year retreat in the Himalayas, we were left without a teacher. What kept the light north for me and our modest sangha in São Paulo was the seva work of the Ark of Love. Incidentally, created by the joyful inspiration of Sarvesh Babaji. If you want to develop spiritual clarity, remember this. Giving a little of your time, and your work, with Love, to those in need, without expecting anything in return, is the way to Grace. But be sure to be careful not to expect anything in return. Paradox...

Caution.

Beware of those who use Kriya Yoga to make money or to ego projection. And don't be you such a person. If you want personal fulfillment and money, go for it in a professional career, in your work for the community, for the world. If you want to work and pay your bills with something in the Kriya Yoga orbit, train as an Ayurvedic therapist or doctor, Thai massage therapist, acupuncturist, Vedanta teacher, Jyotisha consultant, etc. But preserve Kriya Yoga from material desires. Kriya Yoga is about detachment and humility.

I understand that a yogacharya is a janitor, with a broom and a bucket of water, who modestly keep the door clean and open. And so, attentive to keeping the door unhindered so that others can enter, he gradually carries out the work of the Guru, of whom he is a mere but divine witness.

Beware of large organizations that inevitably corrupt the transmission of Kriya Yoga. One of them, famous, a few years ago, released a book, in three large volumes, which they put on the cover that it was written by Paramahansa Yogananda. And the book is fake, it wasn't written by him. If you look carefully inside the book, you will find that, in a disguised way, they admit it. But the attempt to deceive the reader, to make money, is evident. Another large organization is led by a former student who, shortly after the Guru's Mahasamadhi, was already contradicting the Guru's own teachings. Systematically, by financial marketing strategy. And he continues to do that to this day.

Much better is a small sangha of sincere seekers, who help and collaborate with modesty and fraternity. The work of the Gurus and the Divine Mother is noble in its own humility. No need for pomp, on the contrary. Remember Sree Lahiri Maharaj.

By the way, beware of books. Don't be fooled by quantity. There are few essentials and many unnecessary. Baba Hariharananda wrote little compared to others. But he cut diamonds.

Beware of gossip. Don't be a gossip.

Beware of yogacharyas who want to use the Gurus´ teachings as a bargaining chip to gain power over their students and feed the narcissistic illusion that they are superior to their students. They are far away, lost in the ego, and they don't even know it. Kriya Yoga is not a race, it is not a competition. The Guru is generosity itself... But he does not give pearls to pigs.

To be a Yogacharya is to develop the ability to listen to another's Soul. And for that, total detachment from ego and vanity is necessary, and complete realization of its own self Soul. Only an Accomplished Master is a true Yogacharya. The rest, we need to support each other and do the best we can and a little more.

The transmission of Kriya Yoga is personal. Physical proximity and the effort of that proximity are part of the process. The INITIATION is face to face to a Yogacharya, both people present in the same geographical spot. Beware of the illusions of social media and modern technology. There is an illusion of closeness that just adds another layer of veils to the many veils of Maya.

Don't worry if the Guru is no longer in the physical body. If you are really looking for an answer, for guidance, it will come. Keep polishing your own consciousness with the Kriya techniques you have already received. Don't worry about the technique's degree number. For the sincere seeker, breathing is enough. On the top. The true Guru is generous and you, what you really need, is to know how to recognize your own ego's fantasies, to discern what is the manifestation of the Immortal Soul, and what is narcissistic delusion.

I say to you, just so you can reassure yourself and know that it is possible: I have received, and continue to receive, countless direct darshans, guiding me, both in the Kriya technique, as well as in answering intricate and apparently unanswered questions, as well guiding me in my personal, physical, emotional, and spiritual life. The Divine Master is present among us.

The teacher's victory is that the student learns the lesson and becomes a teacher as well. The Guru's victory is the student's freedom. Jai Guru Dev.

I bow to the Gurus and their beloved disciple Yogiji Sree Swami Sarveshwarananda Giri, who walks eternally, freed by the loving light of his joyous effort, through the harmonious flowering fields of the piedmont

I bow before the Infinite Ocean of Light and Peace. I bow so that the Truth of Love is eternally inscribed on the gold of my heart. I lean to the absolute power of Divine manifestation in any circumstance. I lean towards the liberating wisdom of the Kumara Children.

Don't ever leave me.

With Love, Love, Love. With Joy,



PORTUGUÊS

Guru Purnima, 2021

Hari Hara Om
Guru Kripa Hi Kevalam
Saúdo a todos os Iluminados Seres Abençoados, Seres Sagrados de todas as culturas e direções.

O Yogi Swami Sarveshwarananda Giri deixou o corpo físico há uma lua, no dia 25 de junho. Durante esse período estive me preparando para escrever esta carta aberta. O objetivo é oferecer o melhor que posso, como sugestão de orientação para prosseguir, aos queridos estudantes kriyayogins de Yogiji. Ainda sou uma pessoa com limitações e defeitos, e assim peço aos Gurus que abençoem meus pensamentos e minhas palavras, para que eu possa, ainda que imperfeito, ser seu instrumento.

Nesse período de 21 anos que convivi com Swamiji, em dado momento, nos olhamos profundamente e nos reconhecemos irmãos. Assim, eu poderia enfileirar muitas histórias e fatos sobre esse tempo que passou, para contar de sua graça, alegria, e divina disposição. Eu poderia tentar explicar, sem sucesso, o que sua súbita partida me causou. Mas vou me ater ao que acredito fundamental àqueles que buscam verdadeiramente a consciência Kriya.

Essencialmente, seja sempre sincero e verdadeiro, com você e com os outros. Paute-se pela humildade e pelo Amor. E apenas busque o Guru. Não se deixe iludir pelas armadilhas da forma: não é porque tem barba, vem da Índia, e se veste de laranja, que alguém é um verdadeiro guru. Não se deixe iludir pelas armadilhas do ego e da vaidade, nem de você mesmo e nem de outros: Os narcisistas fazem de tudo para terem seguidores, e não são gurus.

Quando estive pela primeira vez diante da forma física de Baba Hariharananda, isso foi no Ashram de Homestead. Na época eu já tinha mais de duas décadas anteriores de experiência bem vivida com organizações religiosas e humanitárias. Também já tinha esse mesmo tempo de estudo de outras práticas avançadas de meditação e despertar da consciência. Essa experiência prévia me permitiu a facilidade de reconhecer que a Kriya Yoga, que recebi de Baba, é superior a qualquer outra experiência que eu já tivera. E também perceber que, ao redor de Baba, orbitavam diversos tipos de criaturas. E algumas bem políticas e com agendas de poder, dinheiro e vaidade.  Cuidado, campo minado.

Não há nada que supere, para um mortal ignorante, a Divina Graça do Divino Mestre.

Swami Sarveshwarananda respondia aos que perguntavam o significado de seu nome: “Alegria Divina em todas as coisas”. Mas essa resposta que ele dava, que não é propriamente exata, diz muito de seu caráter. O significado comum mais aproximado é “Benção do Poder do Supremo Senhor Divino.” ou “Poder do Absoluto”. 

Uma vez eu comentei isso com ele, em tom de pergunta, mas já sabendo que sua modéstia, humildade e reverência a Baba Hariharananda eram a resposta. Ele, de forma simples, e sem nenhuma afetação, me explicou que, quando recebeu seu nome monástico de Baba, ficou surpreso. Achou que era demais, mas não quis questionar o Guru. Então, encontrou, como solução, essa resposta. Me disse: - O que pode ser mais poderoso e divino do que a Alegria? E em TODAS as coisas...

Assim era nosso amado Yogiji. NUNCA uma pessoa que iria a Baba pedir para ser chamado de Paramahamsa, para efeito de marketing pessoal. Quando, após o Mahasamadhi do Amado Guru, foi traído de forma vil por um monge seu companheiro, não guardou ressentimentos, e até o final da sua vida nunca proferiu uma palavra de desabono a respeito daquela pobre alma. Ao contrário, sempre encontrava algum jeito de enxergar e citar algo de positivo a seu respeito.

Sarveshwarananda não atingiu, ao menos em vida material, a consciência absoluta. Assim como nenhum outro discípulo ou discípula de Baba. Até onde se tem notícia, até o presente momento, apenas Rajarshi Raghabananda conheceu o Savikalpa. E por indução de Sree Hariharananda. E nosso querido Sree Rajarshi sempre cultivou a humildade de admitir isso, não tendo, como muitos outros, deixado que se criassem falsas mitificações. Permaneceu sempre fiel à missão da verdade e da libertação. Tenho plena certeza que essa atitude trouxe e traz bençãos a ele, e a todos que o cultivam em seus corações.

Da mesma forma, Sarveshji pacientemente continuou trabalhando ao fio dos anos pela memória liberta da autêntica linhagem de Kriya Yoga. E de todos os yogacharyas e discípulos diretos de Baba com quem convivi, foi o único que soube, diante de mim, reconhecer um erro e procurar corrigi-lo. Como diz Baba, o erro não é para o erro, o erro é para a correção. Mas ainda são raríssimas as almas que têm essa consciência. Eu mesmo não sei se sou capaz desse tipo de atitude. Mas sou apenas um pequeníssimo yogacharya, e ao menos não escondo isso.

Se quer alguns conselhos deste pequeno professor, para sua jornada, preste atenção:

Quando Baba Hariharananda deixou o corpo físico, e Sarvesh foi para seu retiro de dois anos nas Himalayas, ficamos sem professor. O que manteve o norte de luz para mim e nossa modesta sangha em São Paulo, foi o trabalho de seva da Arca do Amor. Aliás, criada pela inspiração alegre de Sarvesh Babaji. Se você quer desenvolvimento de clareza espiritual, lembre-se disso. Dar um pouco do seu tempo, e do seu trabalho, com Amor, aos que necessitam, sem esperar nada em troca, é o caminho da Graça. Mas tenha a certeza de estar cuidando para não esperar nada em troca. Paradoxo...

Cuidado.

Cuidado com os que se utilizam da Kriya Yoga para ganhar dinheiro ou para se realizar pessoalmente. E não seja você uma pessoa assim. Se quer realização pessoal e dinheiro, vá buscar isso em uma carreira profissional, em suas obras para a comunidade, para o mundo. Se quer trabalhar e pagar suas contas com algo na órbita da Kriya Yoga, forme-se como terapeuta ou médico ayurvédico, massagista thai, acupunturista, professor de vedanta, consultor em jyotisha, etc. Mas preserve a Kriya Yoga de desejos materiais. Kriya Yoga é a respeito do desapego e da humildade.

Eu entendo que um yogacharya é um zelador, com uma vassoura e um balde de água que, modestamente, mantém a porta limpa e aberta. E assim, atento para manter a porta sem impedimentos para que os outros possam entrar, vai gradativamente realizando o trabalho do Guru, de quem é mera, mas divina testemunha.

Cuidado com grandes organizações que inevitavelmente corrompem a transmissão da Kriya Yoga. Uma delas, famosa, poucos anos faz, lançou um livro, em três grandes volumes, que colocam na capa que foi escrito por Paramahansa Yogananda. E o livro é falso, não foi escrito por ele. Se procurar com atenção, dentro do livro, vai descobrir que, de forma disfarçada, reconhecem isso. Mas a tentativa de iludir o leitor, para ganhar dinheiro, é evidente. Outra grande organização é liderada por um ex-aluno que, pouco tempo depois do Mahasamadhi do Guru, já estava contrariando os ensinos do próprio Guru. Sistematicamente, por estratégia de marketing financeiro. E continua fazendo isso até hoje.

É muito melhor uma pequena sangha de buscadores sinceros, que se auxiliem e colaborem com modéstia e fraternidade. O trabalho dos Gurus e da Mãe Divina é nobre em sua própria humildade. Não precisa de pompa, ao contrário. Lembre-se de Sree Lahiri Maharaj.

Aliás, cuidado com livros. Não se iluda com quantidade. Há poucos imprescindíveis e muitos desnecessários. Baba Hariharananda escreveu pouco, se comparando com outros. Mas lapidou diamantes.

Cuidado com fofocas. Não seja um fofoqueiro.

Cuidado com yogacharyas que querem utilizar os ensinos dos Gurus como moeda de troca para terem poder sobre os alunos, e alimentarem a ilusão narcísica de que são superiores aos seus alunos. Estão distantes, perdidos no ego, e nem mesmo sabem. Kriya Yoga não é uma corrida, não é uma competição. O Guru é a própria generosidade... Mas não dá pérolas a porcos.

Ser um Yogacharya é desenvolver a capacidade de ouvir a Alma do outro. E para isso é necessário total desapego do ego e da vaidade, e completa realização da própria Alma. Apenas um Mestre Realizado é um verdadeiro Yogacharya. Os demais, estamos precisando nos apoiar uns aos outros e fazermos o melhor possível e mais um pouco.

A transmissão da Kriya Yoga é pessoal. A proximidade física e o esforço dessa proximidade fazem parte do processo. A INICIAÇÃO é diante do Yogacharya, ambas pessoas presentes no mesmo lugar geográfico. Cuidado com as ilusões das redes sociais e da tecnologia moderna. Há uma ilusão de proximidade que apenas acrescenta mais uma camada de véus aos muitos véus da Maya.

Não se preocupe se o Guru não está mais em corpo físico. Se você realmente estiver buscando uma resposta, uma orientação, ela virá. Continue lapidando a própria consciência, com as técnicas de Kriya que já tiver recebido. Não se preocupe com o número grau da técnica. Para o buscador sincero, basta a respiração. No topo. O verdadeiro Guru é generoso e você, o que precisa mesmo, é saber reconhecer as fantasias do próprio ego, para discernir o que é manifestação da Alma Imortal, e o que é delírio narcísico.

Digo a você, apenas para que se tranquilize e saiba que é possível: Já recebi, e continuo recebendo, inúmeros darshans diretos, me orientando, tanto na técnica de Kriya, como na resposta a perguntas intrincadas e aparentemente sem resposta, e na orientação para minha vida pessoal, física, emocional e espiritual. O Mestre Divino está presente, entre nós.

A vitória do professor é que o aluno aprenda a lição e se torne também um professor. A vitória do Guru é a libertação do aluno. Jai Guru Dev

Eu me inclino aos Gurus e seu amado discípulo Yogiji Sree Swami Sarveshwarananda Giri, que caminha eternamente, liberto pela luz amorosa de seu esforço alegre, pelos harmoniosos campos floridos do piemonte.

Eu me inclino diante do Infinito Oceano de Luz e Paz. Eu me inclino para que a Verdade do Amor se inscreva eternamente no ouro de meu coração. Eu me inclino ao poder absoluto da manifestação Divina em qualquer circunstância. Eu me inclino à sabedoria libertadora das Crianças Kumaras.

Não me abandonem jamais.

Com Amor, Amor, Amor. Com Alegria