O OUTRO

A PERGUNTA

Como tratamos o outro é relevante para nosso desenvolvimento espiritual?

Pedi para os alunos de nosso grupo de Kriya Yoga, que respondessem essa pergunta, mas pesquisando APENAS nos textos e falas dos mestres de Kriya de nossa linhagem de professores. O objetivo: Saber como - exclusivamente na tradição de nosso próprio grupo- esse assunto é tratado. Para entender se faz ou não parte da prática de Kriya Yoga.
Também foi pedido aos alunos que indicassem a fonte onde encontraram o texto ou fala.

Por que?
Porque há décadas observo, em todos os grupos ligados a nossos gurus, comportamentos, entre as pessoas, e muitas vezes envolvendo também yogacharyas, de manipulação com objetivo de poder, falta com a verdade, competição, presunção, etc.

Swami Sarveshwarananda Giri

No entanto, Swami Sarveshwarananda, que nos deixou em junho de 2021, sempre humilde, foi muito cuidadoso no trato com as pessoas e na promoção de atividades humanitárias para diminuir o sofrimento dos mais necessitados. Mas não vi essa atitude em outros yogacharyas e me perguntei: Seria esse jeito de Sarvesh algo particular dele? Será que isso não é uma preocupação da nossa linhagem de gurus?

Será que a mensagem de nossos professores se restringe a fecharmo-nos em nós mesmos e praticar meditação Kriya? E todos nossos problemas vão se resolver automaticamente?
Sugiro que leiam a pesquisa publicada abaixo e tirem suas próprias conclusões.

Agradeço o esforço amoroso de todas as pessoas que contribuíram.

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS FONTES DA PESQUISA
Dos sete gurus de nossa linhagem, os alunos trouxeram material de apenas três, que são os mais acessíveis na língua portuguesa: Sree Yukteshwar, P. Yogananda e P. Hariharananda.
Uma fala de Lahiri é citada, mas por Yogananda, em sua Autobiografia.
Há um texto de Swami Kriyananda, que não faz parte de nossa linhagem, mas que cita um fato que teria presenciado com Yogananda.

Os textos de Sree Yukteshwar são todos de A Ciência Sagrada, um livro de sua indiscutível autoria.
Mas no caso dos textos creditados a Yogananda e Hariharananda, há ressalvas que é bom fazer:
- O livro Kriya Yoga, de Hariharananda, é relativamente fiel. Mas trechos pinçados aleatoriamente, sem referência de origem, não necessariamente são realmente da autoria de Baba. Foi (e ainda é) comum, mesmo antes do falecimento de Baba, produzir essas frases aleatórias com falas de outros yogacharyas. Sarveshwarananda me disse que uma vez percebeu, constrangido, que alguém pegou uma fala sua e assinou com o nome de Baba. O que não achou bom.
- A coleção A Segunda Volta de Cristo, editada pela SRF em 2004 e atribuída a Yogananda, não é de sua autoria. O caso é complicado. Existe sim, uma trilogia escrita por Yogananda, com esse nome, editada anteriormente pela Amrita Foundation, em 1979, colecionando textos escritos por Yogananda bem no início de sua trajetória nos EUA. E cujos textos não tem nenhuma semelhança com a coleção, com o mesmo título, lançada pela SRF, mais de cinquenta anos depois da morte de Yogananda. Quem de fato escreveu o livro? De onde foram colhidos os textos e quem o organizou? Há outros livros creditados a Yogananda que também não foram escritos por ele?

 

A PESQUISA

Pesquisa de Soraia:
texto de Paramahansa Yogananda (Onde Existe Luz, páginas 124 e 125):
Servir os Outros
A felicidade consiste em fazer os outros felizes, em abandonar os nossos interesses egoístas para dar alegria aos demais.
Proporcionar felicidade aos outros é de suma importância para nossa própria felicidade, além de ser uma experiência gratificante. Algumas pessoas só pensam na própria família - nós e mais ninguém. Outros preocupam-se apenas com eles próprios: “Como é que eu vou ser feliz?”. Mas justamente essas pessoas não alcançam a felicidade!
Viver só para si mesmo é a origem de todo o sofrimento.
Prestando serviço aos outros, espiritual, mental e materialmente, você encontrará suas próprias necessidades atendidas. À medida que você se esquece de si mesmo servindo aos outros, descobrirá que, sem tê-lo procurado, a taça da sua própria felicidade ficará repleta.
Quando chegou a este mundo, você chorava e todos os demais sorriam. Você deve viver de tal forma que, ao partir, todos chorem, mas você sorria.
Quanto mais profundamente meditar e quanto mais boa vontade tiver para servir, mais feliz você será.

 

Pesquisa de João Fernandes:
texto de Paramahanda Yogananda (A Segunda Vinda de Cristo -- A ressureição do Cristo interior, vol. 3):
*Sobre a autenticidade desse texto, ver acima, CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA
Assim como Cristo ressuscitou sua consciência do sepulcro das limitações mortais, também você precisa aprender, por meio da meditação, a ressuscitar a mente do túmulo dos desejos materiais e do confinamento corporal para a consciência da omnipresença.
Ressuscite sua tranquilidade, que está sepultada sobre o solo da inquietude. Ressuscite sua sabedoria, que permanece oculta sob a mortalha da ignorância mundana. Ressuscite seu amor, que está enterrado sob o solo dos mundanos apegos humanos -- com seu limitado amor pela família, pela sociedade e pelo país --, transformando-o em amor divino por todos.
Assim como Jesus no estado de êxtase retirou do corpo sua mente e a unificou com o Espírito onipresente, você também, por meio da meditação constante, desenvolva dentro de si a consciência de Cristo e, por meio dessa consciência, una sua alma com o Espírito onisciente, una sua vida com a Vida Eterna.


Pesquisa de Fiona:
texto de Hariharananda (sem referência de origem):
A abelha sempre procura o mel na flor enquanto a mosca procura o pus e objetos podres. Do mesmo modo, um homem sábio enxerga boas qualidades nos outros, porém, um tolo e pecaminoso observa os erros e os defeitos alheios. Seja inteligente. Seja uma pessoa nobre e virtuosa. Você deve sempre enxergar o bem nos outros e gozar de paz e felicidade.

texto de Paramahansa Yogananda (A Eterna Busca do Homem, capítulo Autoanálise, Chave para Dominar a Vida, páginas 78 e 79):

Seja como a rosa, exalando para todo o doce aroma da bondade da alma. Faça todos sentirem que você é um amigo, que está pronto a ajudar, não a destruir. Se quiser ser bom, analise-se e desenvolva as virtudes que existem em você. Expulse a ideia de que o mal faz parte de sua natureza e ele se irá. Faça os outros sentirem que você é uma imagem de Deus, não pelas palavras, mas pelo comportamento. Enfatize a luz e não existirá mais escuridão. Estude, medite e faça o bem aos outros.”

Paramahansa Yogananda



Pesquisa de Juliana:
texto de Paramahansa Yogananda (Viva sem Medo):
Não odeie nem mesmo aos seus inimigos. Ninguém é totalmente mau. Se você ouvir alguém tocando piano com uma tecla desafinada, tenderá a considerar o piano inteiro ruim. Mas o defeito está só numa tecla. Afine-a e verá que o piano é perfeitamente bom. Deus vive em todos os Seus filhos. Odiar alguém é negá-Lo em si próprio e nos outros.

texto de Paramahansa Yogananda (O Amante Cósmico, página 168):
O amor é maravilhosamente cego, amando incondicionalmente por toda a eternidade, independentemente dos erros da pessoa amada.  Quando pessoas amadas morrem, a memória mortal pode esquecer a base do amor que receberam; mas o amor verdadeiro nunca esquece, nem morre.  Por meio das encarnações, ele escapa do coração de um ser para renascer em outro, perseguindo o ente querido, cumprindo todas as suas promessas até a emancipação dessas almas no Amor Eterno.  Não chore pelo amor perdido.  O amor em si nunca está perdido, ele apenas brinca com você se escondendo em diferentes corações; para que em sua busca você possa encontrar suas manifestações cada vez maiores.  Ele continuará a se esconder de você até que você tenha viajado para longe o suficiente para encontrar seu lar naquele que reside nos corações de todos.  Então você dirá: 'Ó Senhor, quando eu residia na casa da consciência mortal, acreditava que amava meus pais e meus amigos.  Mas agora que cheguei à mansão da Onipresença, sei que é a Ti que amo, manifestado em amigos, pais e coisas.  Através do meu amor por Você, posso expandir meu amor por tudo o mais.  Por ser leal em meu amor por Você, sou leal a todos os outros.  E eu amo os outros por toda a eternidade.

texto de Swami Kriyananda (Conversas com Yogananda):
Yogi Khagen veio da Índia e era um discípulo do Mestre.  Motivado por aquela falha comum chamada inveja, com o tempo ele se voltou contra seu guru.  No entanto, ele continuou a ensinar e, certa tarde, durante uma palestra em Phoenix, Arizona, perguntou sem parecer ir direto ao ponto: "Há alguém aqui que seja membro da SRF?"  Vários dos presentes levantaram-se à espera de ouvir palavras de apreço ao Mestre e ao seu trabalho.  Em vez disso, eles receberam um discurso inflamado contra o Mestre e sua organização.  Profundamente ofendidos, vários deles telefonaram para o Mestre naquela tarde em Los Angeles para relatar a afronta a ele.
 "Obrigado por me avisar", disse o Mestre.  Eu cuidarei do assunto.
Isso suavemente aliviou as preocupações dos chamadores, fazendo-os entender que não tinham mais responsabilidade a esse respeito.  Ele então ligou para Yogi Khagen, para lhe dizer o que ninguém esperava:
- Deus te abençoe - disse ele -, pelo bem que está fazendo.  Eu te abençoo; nossos gurus te abençoem.
Ele não disse nada sobre o episódio da tarde anterior.
Para lidar com coisas negativas, ele sempre recorreu a enfatizar algo positivo.

texto de Yogananda, referindo-se a uma afirmação de Lahiri Mahasaya (Autobiografia de um Yogui):
Lembre-se de que você não pertence a ninguém e que ninguém pertence a você, reflita que algum dia você terá que abandonar tudo neste mundo. 

texto de Paramahamsa Hariharananda (Gotas de néctar - Benção Diária de Baba):
Você é Deus por ser humano.  Você deve ser disciplinado e culto.  Você não deve olhar para os outros com uma mente carnal ou de forma negativa.  Você deve ser um bom exemplo.

texto de Paramahansa Yogananda (Lessons of Self-Realization Fellowship):
* DIÁRIO ESPIRITUAL * 25 de janeiro * Introspecção
Tudo o que você está ciente tem uma vibração correspondente dentro de você.  Aquele que é rápido em ver e julgar o mal nas outras pessoas tem dentro de si a semente desse mesmo mal.  Quem desenvolveu sua natureza divina, e, portanto, possui um tom vibratório alto e puro, está sempre ciente da centelha divina que está em tudo ao seu redor, e a vibração magnética de sua alma intensifica essa força vibratória em quem eles entram em seu campo vibratório.

texto de Paramahansa Yogananda (Revista de Autorrealização):
Cristo nasce no berço da ternura. O poder do amor é muito maior que o do ódio. Tudo o que você diz, expresse com amor. Não magoe ninguém nem julgue os outros.
Não odeie ninguém; ame a todos e veja Cristo neles. Pense em tudo como parte de um todo universal.

texto de Paramahansa Yogananda (A Busca Eterna):
Mantenha um diário de sua vida espiritual. Eu costumava escrever diariamente quanto tempo eu dedicava à meditação e quão profundamente me concentrei. Procure a solidão, na medida do possível. Não dedique seu tempo livre para se misturar com os outros, para propósitos puramente sociais. É difícil encontrar o amor de Deus quando permanecemos sempre acompanhados.

texto de Paramahansa Yogananda (sem indicação de fonte):
Avisando os discípulos contra a companhia de pessoas más, o Mestre disse: Você não pode estar perto de uma rosa ou de uma doninha sem ser afetada. Então, é melhor associar - se apenas com rosas humanas.

texto de Paramahansa Yogananda (sem indicação de fonte):
Vamos meditar até percebermos o Cristo Infinito que reina em nossos corações. Vamos aprender a amar aqueles que não nos amam e a perdoar aqueles que nos fazem mal. Vamos quebrar todos os nossos limites mentais de cor, credo e nacionalidade e receber tudo, até mesmo nossos irmãos inanimados e animais, nos braços infinitos e abrangentes da nossa Consciência Crística. Esta será uma celebração verdadeira e apropriada da vinda de Jesus Cristo a esta terra.

texto de Paramahansa Yogananda (Reflexões Noturnas):
O professor deplorou o preconceito racial que havia observado em algumas partes dos Estados Unidos e também em outras regiões do mundo.
 - Não entendo por que falam da raça branca e da raça negra – comentou com uma risadinha -.  Sem pele, somos todos vermelhos!  Da mesma forma, dentro de nós, somos todos Um.

texto de Paramahamsa Hariharananda (sem indicação de fonte):
Assim como a empresa é, a pessoa também é. Se você mantiver má companhia, será ruim. Portanto, é necessária uma boa companhia a cada passo.


Pesquisa de João Roberto:

Sree Yukteshwar

texto de Sree Yukteshwar (Sutras 5, 6 do capítulo 3 de A Ciência Sagrada):

A virtude do amor
O amor natural do coração é o principal requisito para se alcançar uma vida santa. Quando aparece no coração, esse amor, a dádiva celestial da Natureza, remove todas as causas da excitabilidade do organismo, acalmando-o até um estado de perfeita normalidade; e, ao revigorar os poderes vitais, elimina todas as matérias estranhas- os germes das doenças- por meios naturais (transpiração etc.). Desse modo ele torna o homem perfeitamente saudável no corpo e na mente e o capacita a compreender acertadamente a orientação da Natureza.
Quando se torna desenvolvido no homem, esse amor o capacita a compreender a verdadeira posição de seu próprio Eu, e como também a dos outros ao seu redor.

texto de Sree Yukteshwar (Sutras 12, 18 do capítulo 3 de A Ciência Sagrada):
As 8 mesquinharias do coração
Ódio, vergonha, medo, tristeza, censura, preconceito racial, orgulho de origem familiar e um sentimento estreito de respeitabilidade.

texto de Sree Yukteshwar (Sutras 23, 24 do capítulo 3 de A Ciência Sagrada):

Coração obscuro, o homem nutre conceitos errados, a respeito de tudo. Ignorância, só pode compreender ideias do mundo físico.
Coração motivado, a aprender a verdadeira natureza do universo e, lutando para esclarecer suas dúvidas, busca uma prova para determinar o que é verdade.
Coração firme, nascido 2 vezes. Ele compreende a segunda porção da criação material - a das forças mais refinadas e mais sutis.
Coração devotado, o homem torna-se apto a compreender a totalidade das trevas, do qual o coração é parte, bem como a criação inteira.
Coração puro, não apenas manifesta a Luz espiritual, o Filho de Deus, e sendo assim consagrado ou ungido pelo Espírito, o coração torna-se Cristo, o Salvador.


Pesquisa de Ivan:
texto de Paramahamsa Hariharananda (sem indicação de fonte):
O medo torna a pessoa fraca, mas a oração e a meditação lhe dão força interior e poder espiritual. Se você tem força interior, pode ajudar os outros.
Comentário de Ivan sobre o texto acima: Achei essa frase do Baba muito relacionada com a proposta de análise de como tratamos o outro. É necessário tornar-se forte para sermos equilibrados e auxiliar os outros. Quando nós trabalhamos para nos melhorarmos pelo meio da meditação, espalhamos ao nosso redor as bençãos dos Babas por meio de suas mais refinadas energias de amor, desenvolvida pela força inerente a essa qualidade. A força mental é essencial ao nosso equilíbrio energético, para amenizar chitta.


texto de Paramahansa Yogananda (trecho do livro Como ser feliz o tempo todo):
A lei da existência foi promulgada para nos ensinar a conviver harmoniosamente com a
Natureza objetiva e com nossa verdadeira natureza interior. Se você tocar um prato quente
com os dedos, eles queimarão. A dor será um aviso que a Natureza ali colocou para
protegê-lo dos fermentos incorpóreos. Se tratar os outros sem bondade, assim será tratado
pela vida. Seu próprio coração, além disso, ficará murcho e ressequido. Desse modo a
Natureza avisa aos homens que, pelo mal, eles rompem a harmonia com o Eu interior.
Conhecendo a lei e respeitando-a, as pessoas desfrutam de felicidade duradoura, boa
saúde, perfeita harmonia consigo mesmas e com a vida como um todo.
Comentário de Ivan sobre o texto acima: Yogananda escreveu um capítulo inteiro sobre o tema de como tratamos o outro - Cap 6: Compartilhe sua felicidade com seus semelhantes.
Ele coloca o amor como uma lei a ser seguida por ser universal. Se não a seguirmos vamos
contra a lei e teremos sua consequência dolorosa. Nossa natureza interior, nosso Eu é
Amor. Precisamos procurar em nosso íntimo, pela profundidade que a meditação nos
permite, esse amor universal. Essa é nossa real natureza.



Pesquisa de Marcelo:
texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, páginas 187-188):
A palavra personalidade vem do latim persona, que significa máscara ou revestimento. A alma sem forma é revestida pelos três corpos: ignorância, pensamento e corpo denso. O homem possui uma personalidade fraca devido à falsidade, hipocrisia, ciúme, ego, arrogância, malevolência e dissimulação – qualidades negativas que reduzem o valor da personalidade humana. Com a prática da Kriya Yoga a pessoa se verá livre das qualidades negativas da vida humana. Sentirá o amor florescer dentro de si. Seus laços de amizade se fortalecerão e seu corpo conservará a beleza até a morte. Seu semblante será afetuoso, agradável, persuasivo e divino. Suas palavras serão doces e equilibradas e ela evitará qualquer conversa que não seja espiritual. Sua energia mental, intelectual e espiritual aumentará. Sua própria capacidade de compreensão se desenvolverá, assim como o poder de decisão nos momentos críticos. Todos seus desejos nobres e divinos serão realizados. Obterá controle total sobre a inquietude e a turbulência dos sentidos. O contentamento, a disciplina e a consciência de existência de Deus transformarão a vida dessa pessoa. A Kriya Yoga produz uma completa mudança na personalidade da pessoa livrando-a da falsidade e da negatividade, fazendo com que ela permaneça continuamente absorta na Verdade.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
A personalidade do homem apresenta seus aspectos negativos manifestando-se na relação com os outros. Falsidade, hipocrisia, ciúme, arrogância, malevolência e dissimulação aparecem quando lidamos com os outros. Portanto, ao praticar Kriya Yoga podemos desenvolver na personalidade características positivas de relacionamento com as pessoas: afetuoso, agradável, persuasivo e divino, com palavras doces, equilibradas e de cunho espiritual. Assim, como lidamos com os outros indica o desenvolvimento da personalidade. E transformando os aspectos negativos em positivos, melhoramos a qualidade do tratamento e manifestamos os desejos nobres e divinos, com amor florescente dentro de si, livrando-se da falsidade e negatividade, expressando contentamento, disciplina e consciência da existência de Deus.


texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, páginas 127-128):

Baba Hariharananda
No centro lombar existem dois tipos de mente. No Amritabindu Upanishad (mantra 2) está escrito: mana eva manusyanam karanam bandhamoksayoh. A mente localizada nos centros do cóccix e do sacro pode conduzir o homem ao inferno, pois só proporciona sensações ligadas a dinheiro e sexo. A grande maioria da população planetária encontra-se envolvida com o mundo dos negócios, do comércio, da riqueza, do poder, dos prazeres dos sentidos, com automóveis, casas, com a extrema felicidade ou excessos de satisfação dos sentidos. Suas mentes e cérebros vivem escravizados pela selva material, um mundo no qual sempre haverá ansiedade, preocupação, sofrimentos, atritos, avareza, raiva, cobiça, dificuldades, perigos, dúvidas e suspeitas. Consequentemente, terão seus organismos afetados pelo nervosismo e pelas doenças.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
Estar escravizado pela selva material e ser afetado pelo nervosismo e doenças não é apenas por objetos. Ao mencionar "atritos", Baba se referiu às pessoas. Estar envolvido pelos centros inferiores pode gerar esse tipo de situação. Portanto, para não nos atritarmos, é importante canalizar a energia para os centros superiores, para a fontanela, o que pode extinguir os atritos por meio da aquisição crescente de amorosidade conquistada pela prática do Kriya Yoga. Assim, como lidamos com as pessoas tem relevância pois isso nos indica para onde está direcionada nossa energia vital.


texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, página 166):
É no centro cardíaco que se encontras as boas e más tendências como ira, orgulho, crueldade, falsidade, insinceridade, hipocrisia e a intemperança, assim como a suavidade, a bondade e o amor. Na verdade, tudo que vem do coração, vem do Pai Todo-Poderoso (ya). Se Ele não respirar você não terá nem boas, nem más qualidades, você simplesmente não existirá.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
No centro cardíaco encontram-se boas e más tendência, que se revelam pelas relações com as outras pessoas. Portanto, lidar com os outros de uma maneira boa (suavidade, bondade, amor) ou ruim (ira, orgulho, crueldade, falsidade, insinceridade, hipocrisia e intemperança) com certeza tem influência no desenvolvimento espiritual. A prática do kriya pode ajudar nisso, desenvolvendo cada vez mais os aspectos positivos, já que mesmo os negativos vêm do Pai Todo-Poderoso. Canalizar e equilibrar todas essas tendências no propósito divino é a meta.

texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, página 60):

Um guru preceptor é indispensável para qualquer prática espiritual. As escrituras afirmam que o guru é simultaneamente Brahma, o criador, Vishnu, o preservador e Shiva, o destruidor. O Guru cria novos samskaras e o anseio por moksha (libertação). Destrói os efeitos do mau karma e dos desejos inferiores, preserva o bem-estar físico, mental e espiritual do discípulo e o conduz em direção à luz. O guru é uma manifestação pessoal de Deus. Gu significa o Invisível (Deus) e ru, o que é visível. O invisível usa o visível como Seu instrumento. O relacionamento entre o guru e o discípulo é eterno. Ele é responsável por seus discípulos até que alcancem moksha (libertação)” (Hariharananda, livro “Kriya Yoga”, 2006, p. 56). “Se desejar obter o benefício completo de sua associação com o guru, o discípulo deve ser fiel, seguir suas instruções com sinceridade e praticas a meditação regularmente (...) Um verdadeiro guru é designado por Deus para que, por seu intermédio, Ele possa ensinar os devotos a realizar seus verdadeiro Self. Os Atributo do guru. O guru, preceptor espiritual ou mestre, é o amigo, filósofo e guia do aspirante e, invariavelmente, o conduz à meta divina (...) o preceptor espiritual treina seu discípulo em todos os aspectos, preparando-o para alcançar a realidade suprema.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
Relacionamento de pessoas e o desenvolvimento espiritual engloba também o relacionamento entre guru-discípulo. O guru conduz o discípulo à destruição dos desejos inferiores e o conduz à luz, isto é, aos centros superiores, à libertação. É uma relação de responsabilidade do mestre, que tem importância para o seu desenvolvimento espiritual enquanto guru, que se presta a ser instrumento divino e é importante que seja amigo, filósofo e guia. Do lado do discípulo, essa relação pode lhe propiciar desenvolvimento espiritual ao ser fiel, ter sinceridade para seguir as instruções e meditar regularmente. Portanto, como o guru e o discípulo tratam um ao outro tem fundamental importância no desenvolvimento espiritual de cada um.

texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, página 91):

Trabalho é adoração. Servir a humanidade sem egoísmo ou expectativa de recompensa é Karma Yoga. A Kriya Yoga auxilia o desenvolvimento dessa atitude. Por meio da prática da Kriya Yoga, a pessoa obtém a experiência divina e percebe que em todas suas ações Deus é o único agente (...) O Bhagavad Gita ensina que todo aquele que purifica sua mente pela prática do Karma Yoga, obtém conhecimento do Self e alcança a libertação. No final, todas as ações se transformam em conhecimento.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
Ação de servir à humanidade desinteressadamente, sem egoísmo ou expectativa de recompensa. Isso faz parte dos relacionamentos humanos: se agimos pelo outro com ou sem interesse de recompensa divina. Kriya yoga auxilia a dissipar a atitude negativa e adquirir a atitude positiva se servir sem almejar uma recompensa.

texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, página 93):

A prática espiritual ensinada por Lahiri Mahasaya é mais apropriada aos chefes de família. O controle fácil e simples da respiração prescrito pela técnica da Kriya Yoga restaura o equilíbrio do corpo e prepara o caminho para a salvação.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
Relacionamento humano de chefe de família não foi tratado diretamente neste trecho, porém é importante lembrar que lidar com os filhos e esposa requer do pai de família habilidades em lidar com eles. Kriya yoga, uma prática espiritual trazida pelos gurus para ajudar aos chefes de família a alcançar a realização, ajuda-os nos relacionamentos familiares. A ter as boas qualidades necessárias para não atritar, para ser guia espiritual dos filhos e ensinar-lhes conhecimentos espirituais, para lidar com o excesso de materialismo e extroversão dos sentidos. Especialmente aumentar a amorosidade.

texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, página 216):
No Bhagavad Gita (4:7-8), o Senhor Krishna diz a Arjuna, ‘Encarno sempre que o dharma é esquecido e a injustiça triunfa. Encarno para libertar os bons, destruir o mal, e estabelecer o reino da justiça’. Vocês terão oportunidade de constatar que a cada quatrocentos ou quinhentos anos, grandes mestres chegam a este universo para anunciar algo novo. No auspicioso momento da era científica de um mundo materialista como esse, quando se busca apenas a satisfação das ambições e o prazer transitório, quem poderia inspirá-los a realizar Deus? Foi por essa razão que Babaji e Lahiri Baba surgiram neste mundo.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
Os enviados de Deus sempre encarnam quando o dharma é esquecido, imperando o mal a injustiça entre os homens. Esses são indicativos do relacionamento entre as pessoas, em como lidamos com os outros. Os enviados vêm libertar os bons, estabelecer a justiça. Mais do que isso: eles vêm mostrar o caminho para transformar a injustiça em justiça. Os gurus do Kriya Yoga vieram indicar como se libertar da satisfação das ambições e do prazer transitório, que não é apenas direcionado aos objetos, mas à maneira como lidamos com as pessoas. A prática meditativa pode propiciar essa transformação em nós, de modo a trilharmos o caminho do dharma.

texto de Hariharananda (livro Kriya Yoga, 2006, páginas 88-89):
Da maneira como foi formulado por Patânjali, o principal expoente do yoga, a ciência da Raja Yoga é conhecida também como Ashtanga Yoga ou a yoga das oito ramificações. Os oito estágios são: yama (autocontrole), niyama (observância religiosa), asana (postura física), pranayama (controle da respiração), pratyahara (cessação dos sentidos), dharana (concentração), dhyana (meditação), samadhi (iluminação). Yama diz respeito à moralidade e consiste em não ferir, falar a verdade, não cobiçar e controlar os pensamentos, palavras e ações. Niyama compreende a pureza (interna e externa), o contentamento, a austeridade, o estudo das escrituras e a entrega total a Deus. A observância de yama e niyama proporcionará paz mental e desapego, assim como despertará a compaixão por todas as criaturas. O sucesso na conclusão de todos esses estágios leva ao nirvikalpa samadhi que, praticado regularmente, conduz à libertação (...). Os iogues podem seguir o caminho das oito ramificações formuladas pelo sábio Patânjali e alicerçar suas aquisições espirituais na pedra fundamental de yama  e niyama. Muitos religiosos se contentam simplesmente em seguir essas regras e acreditam que isso é espiritualidade. A prática de yama e niyama proporcionara bem-estar interior e um bom karma, mas não conduz à libertação. Ao alcançar o nirvikalpa samadhi, o iogue pode dispensar o processo de yama-niyama visto que, depois de atingir a meta, o caminho torna-se supérfluo.
Comentário de Marcelo sobre o texto acima:
Yama e Niyama são a pedra fundamental. Yama remete à moralidade, isto é, a uma maneira como lidamos e nos relacionamos com as pessoas. A prática de yama consiste em não ferir, falar a verdade, não cobiçar, controlar pensamento, ações e palavras, o que indica a total relacionamento com os outros. Aliado com niyama, as práticas de observância religiosa de desenvolvimento de virtudes, constituem uma boa base para a paz mental, desapego e compaixão por todas as criaturas. Concluindo esses estágios e os demais podemos chegar ao nirvikalpa samadhi e, com este, à libertação.


Pesquisa de Cintia:
texto de Paramahansa Yogananda (Romance com Deus, Vol. 2, São Paulo: SRF, 2013):

Radha e Krshna

Krishna teve muitas discipulas, mas Radha era a predileta. Cada discípula pensava: “Krishna me ama mais do que as outras”. Todavia, como Krishna falava muito em Radha, as outras ficavam enciumadas. Percebendo isso, Krishna resolveu dar-lhes uma lição. Assim, certo dia, ele fingiu sentir uma terrível dor de cabeça. As discípulas, aflitas, demonstraram grande preocupação com o sofrimento do Mestre. Até que ele disse: “A dor só passará se uma de vocês ficar sobre minha cabeça e massageá-la com os pés”. Horrorizadas, as devotas exclamaram: “Não podemos fazer isto: tu és Deus, o Senhor do Universo. Seria o maior dos sacrilégios ousar profanar tua forma tocando com nossos pés tua cabeça sagrada.”
O Mestre fingiu que a dor aumentava. Eis que Radha entra em cena. Correndo para seu Senhor, perguntou: “Que posso fazer por ti?” Krishna repetiu o pedido feito às outras devotas. Imediatamente, Radha o atendeu: a “dor” do Mestre desapareceu e ele adormeceu. As outras discípulas, com raiva, arrastaram Radha para longe da forma adormecida.
“Vamos matá-la”, ameaçaram.
“Mas por quê?”
“Como ousa pisar na cabeça do Mestre?”
“E daí?”, protestou Radha. “Isso não o livrou da dor?”
“Por ato tão sacrílego, você irá para as profundezas do inferno.”
“Ah, é com isso que vocês se preocupam?”, disse Radha, sorrindo. “Com muita alegria eu viveria lá para sempre se isso o fizesse feliz por um segundo.”
Então, todas se curvaram a Radha. Compreenderam porque Krishna a favorecia, pois só Radha esquecia de si mesma e pensava apenas no bem-estar do Mestre.
No entanto, por receber uma atenção especial, Radha começou a encher-se de orgulho. Assim, certo dia, o Senhor Krishna disse: “Vamos sair juntos, às escondidas”. Fazendo com que acreditasse que queria estar a sós com ela, Krishna brincou com a vaidade de Radha, que se sentiu muito feliz e favorecida. Percorreram uma boa distância, mas Krishna não parecia disposto a parar.
Finalmente Radha, exausta, sugeriu: “Aqui é um bom lugar para sentar um pouco”. Krishna olhou em volta, desinteressado, e disse: “Vamos procurar um lugar melhor”. E continuaram caminhando, caminhando… Por fim, já sem forças, Radha queixou-se: “Não aguento mais”. Krishna perguntou: “Muito bem, você̂ quer que eu a carregue?” Isso agradou muito à vaidade de Radha. Mas, assim que ela pulou nas costas de Krishna – oh! – ele desapareceu, e ela caiu desajeitadamente.
Com o orgulho abalado, ajoelhou-se e humildemente pediu: “Amado Senhor, errei em querer possuí-lo e controlá-lo. Perdoe-me, por favor.” Krishna reapareceu e abençoou-a. Naquele dia, Radha aprendeu uma grande lição. Fora um grave erro ver o Mestre como homem comum, passível de ser seduzido e controlado por artimanhas femininas. Compreendeu que ele se interessava pela alma da discípula, e não por sua forma física.”
Comentário de Cintia sobre o texto acima:
Sobre o tema que devemos nos dedicar a refletir nos próximos satsangs, escolhi uma curta história para colocar alguns pontos que me parecem bem importantes quando falamos de Seva.
Seva, como já foi dito em outras ocasiões, significa “serviço abnegado”, no sentido de “serviço altruísta”, ou seja, serviço realizado sem qualquer expectativa de resultado ou prêmio por sua realização.
A história acima é bem curta. Trata-se de uma passagem relatada por Yogananda sobre a relação entre Krishna e Radha.
O que essa história tem a ver com Seva? Quais relações podem ser feitas?
Quando a li, pensei, imediatamente, em quatro pontos que se aplicam à disposição que temos que ter quando praticamos Seva:
1. Realizar a ação sem se apegar aos seus frutos. Radha não se preocupou se sua ação (de colocar os pés na cabeça de Krishna) teria como consequência a sua danação no inferno. Fez o que fez simplesmente por amor a Krishna.
Em Bhagavad Gita, Cap. II: 47-50 (Yogananda, Paramahansa. A Yoga do Bhagavad Gita, São Paulo: SRF, 2019), lemos:
“Como ser humano, tens direito apenas à atividade, jamais aos frutos que resultam das ações. Não te consideres o criador dos frutos de tuas ações, nem de permitas o apego à inatividade.
Ó Dhananjaya (Arjuna), permanecendo imerso na yoga, pratica todas as ações abandonando o apego (a seus frutos), sendo indiferente ao êxito e ao fracasso. Essa imparcialidade mental chama-se yoga.
A ação comum (praticada com desejos) é muito inferior à ação unida à orientação da sabedoria; portanto, ó Dhananjaya (Arjuna), busca abrigo na sabedoria que sempre orienta. Infelizes daqueles que desempenham ações apenas por causa de seus frutos.
Aquele que se unificou com a sabedoria cósmica ultrapassa os efeitos tanto da virtude quanto do vício, até mesmo nesta vida. Portanto, devota-te à yoga, à divina união. Yoga é a arte da ação adequada.”
Ainda em Bhagavad Gita, Cap. XVIII: 2-6 (Yogananda, Paramahansa. A Yoga do Bhagavad Gita, São Paulo: SRF, 2019), lemos:
“Os homens de sabedoria chamam “sannyasa” à renúncia a todas as ações praticadas com desejo. Os sábios afirmam que “tyaga” é a renúncia aos frutos das atividades.
Alguns filósofos dizem que todo trabalho deve ser abandonado por estar cheio de máculas. Outros declaram que as atividades de yajna (rito sagrado do fogo), dana (filantropia) e tapas (autodisciplina) não convém serem abandonadas.
Em consequência, entende por Meu intermédio a verdade definitiva a respeito da renúncia, ó Melhor dos Bharatas (Arjuna). Porque se fala de renúncia como consistindo de três espécies, ó Tigre Entre os Homens.
As ações envolvidas por yajna, dana e tapas verdadeiramente convém que sejam realizadas e não devem ser abandonadas, porque o rito sagrado do fogo, a filantropia e a autodisciplina santificam os sábios.
Mas até essas atividades convém que sejam realizadas, ó Partha (Arjuna), abandonando o apego a elas e o desejo de seus frutos. Essa é Minha convicção, suprema e garantida”.
2. Estar sempre atento à nossa união com o divino ao realizar qualquer ação. Devemos nos atentar para que tipo de conexão mantemos com a nossa alma quando praticamos uma ação. Existe um perigo subjacente ao praticarmos Seva que é mantermos a conexão com o ego em lugar de mantermos a conexão com a alma. Essa conexão com o ego alimenta a vaidade e o orgulho e pode nos faz sentir “superiores” aos outros, seres “especiais”, o que é uma armadilha (como Radha, que se sentia especial em relação às outras discípulas, por ter feito uma boa ação para Krishna). Manter a conexão com a alma nos faz perceber que, no fundo, não fazemos nada. É Deus que faz através de nós.
Em Bhagavad Gita, Cap. V: 8-11 (Yogananda, Paramahansa. A Yoga do Bhagavad Gita, São Paulo: SRF, 2019), lemos:
“Aquele que conhece a verdade, unido a Deus, percebe automaticamente: “eu mesmo nada faço” - embora veja, ouça, toque, cheire, coma, mova-se, durma, respire, fale, rejeite, retenha, abra ou feche os olhos – conhecendo que são os sentidos (ativados pela Natureza) que agem em meio aos objetos sensórios.
Como a folha de lótus que permanece imaculada pela água, o iogue que pratica ações renegando o apego e entregando seus atos ao Infinito permanece livre do emaranhamento nos sentidos.
Para que o ego seja santificado, os iogues praticam ações apenas com (os instrumentos da ação) o corpo, a mente, o discernimento ou mesmo os sentidos, abandonando o apego (não permitindo o envolvimento do ego, com seus apegos e desejos).”
3. Realizar a ação sem ver a quem. Krishna mostrou a Radha que nosso amor deve ser dirigido a todos, independentemente da forma física. O serviço abnegado não pode ser seletivo, guiado por escolhas baseadas em critérios do mundo da forma. Deve, ao contrário, ser dirigido a todos os seres de forma equânime. É um exercício de humildade e de amor desinteressado.
Em Meditações Metafísicas, Amizade e Serviço (Yogananda, Paramahansa. Meditações Metafísicas, São Paulo: SRF, 2008, pág. 104-106), Yogananda escreve:
“Habitarei os corações receptivos, como um amigo desconhecido sempre a despertá-los para sentimentos sagrados, incitando-os silenciosamente, por meio de seus próprios pensamentos nobres, a que abandonem seu sono mundano. À luz da sabedoria, dançarei com todas as suas alegrias na invisível câmara do silêncio.
Contemplarei aquele que se considera agora meu inimigo como sendo, na verdade, um irmão divino, que se oculta por detrás de um véu de desentendimento. Rasgarei esse véu com a adaga do amor, de modo que, ao ver minha compreensão humilde e pronta a perdoar, ele já não rejeite a oferta de minha boa vontade.
A porta da minha amizade sempre estará aberta, tanto para os irmãos que me odeiam quanto para os que me amam.
Sentirei pelos outros o mesmo que sinto por mim mesmo. Trabalharei por minha própria salvação, servindo meu próximo.
Se oferecer minha amizade a todos, como Cristo fez, sei que começarei a sentir o amor cósmico, que é Deus. A amizade humana é o eco da amizade de Deus. O maior exemplo que Jesus Cristo deu foi retribuir o ódio com amor. Retribuir o ódio com ódio é fácil, mas oferecer amor em troca de ódio e muito mais difícil e de maior grandeza. Portanto, consumirei o ódio no fragoroso incêndio do meu amor em expansão.
Adotarei o que cada povo tenha de melhor. Admirarei as boas qualidades de todas as nacionalidades, e não focalizarei minha atenção em seus erros.
Hoje, romperei as fronteiras do amor que dedico a mim mesmo e à minha família, e tornarei meu coração amplo o suficiente para acolher todos os filhos de Deus. Acenderei um fogo de amor universal, e contemplarei meu Pai Celestial habitando o templo de todos os vínculos naturais. Todo desejo de afeição, eu purificarei e satisfarei alcançando o sagrado amor de Deus.”
4. Realizar a ação que necessita ser feita e não a que é desejada. Krishna não atendeu ao desejo de Radha  (ficarem a sós), mas usou a situação para mostrar a Radha que sua atitude não era a atitude “espiritualmente” correta. Quando se pratica Seva, muitas vezes, somos impelidos a atender o desejo, a vontade de quem está sendo atendido pelos nossos serviços. No entanto, isso pode não ser o que a pessoa precisa naquele momento. Procurando manter uma conexão espiritual, poderemos perceber mais facilmente a diferença entre ambas ações e realizar Seva com mais consciência divina.


Pesquisa de Mário Jorge:
Mário não fez a pesquisa da forma pedida, mas enviou esta mensagem, com este link:
Sei que a proposta é sobre textos da nossa linhagem de mestres, sobre a solidariedade, mas este mestre zen budista, que através da meditação, como nós, desenvolveu durante sua vida a elevação espiritual em paralelo com o desenvolvimento social e a fraternidade, Thich Nhat: 
"A Cloud Never Dies" biographical documentary of Zen Master Thich Nhat Hanh narrated by Peter Coyote


 


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