Tantra Hopi



Dia 16 de Dezembro será nossa última reunião em 2014.





Também será o último dia em que participarei formalmente das atividades do grupo em São Paulo, a Arca do Amor Hariharananda, com o qual estou há 14 divinos anos. 
E no qual tenho trabalhado como Yogacharya desde 2011. 



Bom dia a todos. Com clareza de discernimento.



"Senhores, inspiração de sacrifício!

Possam nossos ouvidos ouvir o bem.
Possam nossos olhos ver o bem.
Possamos servi-Lo com toda a força de nosso corpo. Possamos nós, toda nossa vida, realizar Sua vontade.
Paz, paz, paz, esteja em todo lugar.
Possa a Chuva nos fazer bem.
Possa o Sol, que tudo conhece, nos fazer bem.
Possa o Rei do Conhecimento nos fazer bem.
Boas vindas ao Senhor!
A Palavra OM é o Imperecível; tudo o mais é manifestação. Passado, presente e futuro, tudo é OM.
O que mais transcender as três divisões do tempo, 
aquilo também é OM."
(Mandukya Upanishad)


"Tendo ouvido o Caminho (Tao) pela manhã,
uma pessoa pode morrer feliz no final da tarde"

(Confúcio)

"Há um som de uma mão sozinha batendo palmas,
como o rugindo do silêncio e uma melodia nunca tocada"
(Koan Zen)


UM ANCIÃO HOPI DIZ:
"Você tem falado para as pessoas que esta é a Décima Primeira Hora, agora você precisa voltar e falar para as pessoas que esta é a Hora. E existem coisas para serem consideradas...
Onde você está vivendo?
O que você está fazendo?
Quais sãos os seus relacionamentos?
Você está corretamente conectado?
Onde está sua água?
Conheça seu jardim.
É hora de falar sua Verdade.
Crie sua comunidade.
Sejam bons uns para os outros.
E não procure fora de você pelo líder."

Então ele entrelaçou as mãos juntas, sorriu, e disse:
"Este pode ser um tempo bom! Há um rio correndo agora muito rápido. É tão grande e rápido, que existem aqueles que terão medo. Eles tentarão segurar nas margens. Eles sentirão que estão sendo partidos ao meio e sofrerão muito.
Saiba que o rio tem seu destino. Os anciãos dizem que precisamos deixar a margem, nos impulsionarmos para o meio do rio, mantermos nossos olhos abertos, e nossas cabeças acima da água.
E eu digo, veja quem está lá com você e celebre. Neste momento na história, não é para tomarmos nada de forma pessoal. Menos que tudo, nós mesmos. Porque se fizermos isso, nosso crescimento e jornada espiritual detêm-se. 
O tempo do lobo solitário acabou. Juntem-se! Despeçam a palavra luta, de sua atitude e do seu vocabulário. Tudo que precisarmos fazer agora, precisa ser feito de forma sagrada e em celebração.
Nós somos aqueles que estávamos esperando."

T. Banyacya, Ancião da Nação Hopi (1909-1999)
Oraibi, Arizona




Pra lá de Manograahya


Por melhor ou mais elevado que seja um pensamento ou uma ideia, ainda é apenas isto, um fenômeno da mente.
Manograahya é uma palavra sânscrita que significa "aquilo que pode ser percebido pela mente". 
Os Puranas dizem que está em ignorância mesmo aquele que reverencia o Amor em sua expressão mais sublime, mas que acredita encontrar através dessa reverência algo que pode ser apreendido pela mente.

Em consciência samaadhi estamos além das ideias e pensamentos. Há consciência de paz, luminosidade e compaixão. Mas não há explicação. 

A expressão poética é a forma humana de linguagem que mais se aproxima dessa consciência inefável, porque ao invés de buscar lógica, expressa o assombro da existência. Como nesta canção do compositor Nando Reis:

Segundo Sol, de Nando Reis
Quando o segundo sol chegar, para realinhar as órbitas dos planetas. Derrubando com o assombro exemplar, o que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa
Não digo que não me surpreendi. Antes que eu visse, você disse e eu não pude acreditar.
Mas você pode ter certeza de que seu telefone irá tocar em sua nova casa, que abriga agora a trilha incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar, que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia e a vida que ardia sem explicação. Não tem explicação.


Yogacharya Céu
São Paulo, 1 de Maio de 2014

Programa semana KRIYA YOGA 2014 em São Paulo





De 26 de maio a 3 de junho de 2014 aconteceu o programa em Kriya Yoga da Arca do Amor Hariharananda São Paulo,
com satsangs e palestras gratuitas, workshops e meditação guiada e iniciação em Kriya Yoga.




O programa contou com a participação do Yogi Sarveshwarananda Giri, aluno direto de Paramahansa Hariharananda


Yogi Sarveshwarananda Giri, bio
Nascido em Paris, França, em 1959, em uma família de professores viajantes, David Vachon cresceu em diferentes partes do mundo, na Europa, América do Sul e Norte da África.
Formado em Literatura Inglêsa na Grenoble III, com Mestrado em Informação e Comunicação na CELSA, Sorbonne. Bacharelado em Ciência da Acupuntura e Medicina Chinesa em San Francisco (Califórnia, EUA), com graduações em massagem, educação para a saúde e programação neurolinguísitca e atuação na Clínica Quan Yin. Terapeuta em Thay massagem certificado em Chiangmai,Tailândia.
De 1988 a 2002 foi aluno direto de Paramahansa Hariharananda, Mestre em Kriya Yoga formado no Karar Ashram de Puri, aluno direto de Yogananda e Sri Yukteshwar. Em 1997 David tomou o voto monástico na ordem Giri, recebendo o nome Sarveshwarananda (Alegria Divina em Todas as Coisas). Serviu Hariharananda como atendente pessoal até a morte deste último em 2002, entrando então 
em reclusão de silêncio até 2004. Renunciou ao monastério em 2009, servindo desde então como Yogacharya pai-de-família até hoje, com o nome Yogi Sarveshwarananda Giri. Atualmente reside no sul da França, é casado e tem uma filha.
Atuou em diversas ações humanitárias, sendo fundador de organizações na Índia, EUA e América Latina, entre as quais a Arca do Amor Hariharananda SP, em São Paulo, Brasil. ERYT (Experienced Registered Yoga Teacher) registrado no Yoga Alliance. 

A Lenda das Areias



Vindo desde as suas origens em distantes montanhas, após passar  por inúmeros acidentes de terreno nas regiões campestres, um rio finalmente alcançou as areias do deserto. E do mesmo modo como vencera as outras barreiras, o rio tentou atravessar esta de agora, mas se deu conta de que suas águas mal tocavam a areia nela desapareciam.

Estava convicto, no entanto, de que fazia parte de seu destino cruzar aquele deserto, embora não visse como fazê-lo. Então uma voz misteriosa, saída do próprio deserto arenoso, sussurrou:
 - O vento cruza o deserto, o mesmo pode fazer o rio.

O rio objetou estar se arremessando contra as areias, sendo assim absorvido, enquanto o vento podia voar, conseguindo dessa maneira atravessar o deserto.

- Arrojando-se com violência como vem fazendo não conseguirá cruzá-lo. Assim desaparecerá ou se transformará num pântano. Deve permitir que o vento o conduza a seu destino.

- Mas como isso pode acontecer?

- Consentindo em ser absorvido pelo vento.

Tal sugestão não era aceitável para o rio. Afinal de contas, ele nunca fora absorvido até então. Não desejava perder a sua individualidade. Uma vez a tendo perdido, como se poderá saber se a recuperaria mais tarde?

- O vento desempenha essa função - disseram as areias - Eleva a água, a conduz sobre o deserto e depois a deixa cair. Caindo em forma de chuva, a água novamente se converte num rio.

- Como posso saber que isto é verdade?

- Pois assim é, e se não acredita, não se tornará outra coisa senão um pântano, e ainda isto levaria muitos e muitos anos; e um pântano não é certamente a mesma coisa que um rio.

- Mas não posso continuar sendo o mesmo rio que sou agora?

- Você não pode, em caso algum, permanecer assim - retrucou  a voz.- Sua parte essencial é transportada e forma um rio novamente. Você é chamado assim ainda hoje por não saber qual a sua parte essencial.

Ao ouvir tais palavras, certos ecos começaram a ressoar nos pensamentos mais profundos do rio. Recordou vagamente um estágio  em que ele, ou uma parte dele, não sabia qual, fora transportada nos braços do vento. Também se lembrou, ou lhe pareceu  assim, de que era isso o que devia fazer, conquanto não fosse a coisa mais natural.

E o rio elevou então seus vapores nos acolhedores braços do vento, que suave e facilmente o conduziu para o alto, e para bem  longe, deixando-o cair suavemente tão logo tinham alcançado o topo de uma montanha, milhas e milhas mais distante. E porque tivera suas dúvidas, o rio pode recordar e gravar com mais firmeza em sua mente os detalhes daquela sua experiência. E ponderou: - Sim, agora conheço a minha verdadeira identidade.

O rio estava fazendo seu aprendizado, mas as areias sussurraram:

- Nós temos o conhecimento porque vemos essa operação ocorrer dia após dia, e porque nós, as areias, nos estendemos  por todo o caminho que vai desde as margens do rio até a montanha.

E é por isso que se diz que o caminho pelo qual o Rio da Vida  tem de seguir em sua travessia está escrito nas Areias.


Do livro "Histórias da Tradição Sufi" - Edições Dervish
(e do Livro "O  Buscador da Verdade" de Idries Shah)



Comentário: 
É notável como este místico conto sufi descreve com exatidão tanto a Kuutastha Chaittanya* como a respiração Kriya que a atinge. Igualmente notável que essa instrução à luta da alma (representada pelo rio) seja proferida pelas areias (que fazem a vez da voz do guru). 
Também os gregos antigos colocavam a voz do mestre (Prometeu), que liberta o ser humano das trevas, entre as forças da natureza. Prometeu era um titã e não um deus do Olimpo.
A trilha que liberta a alma e realiza o indivíduo, o aproximando de sua Inteligência Universal, faz parte da própria matéria que compõe a Natureza. Está escrito nas areias. Está nos átomos e em nossas células. Resta-nos saber ouvir. E lembrar.

Lembre-se.

*Kuutastha (sânscrito): Permanência no topo, manutenção da posição mais elevada, proeminência ou projeção do topo dos ossos da cabeça.
Chaittanya (sânscrito): relativo a Chitta, inteligência superior, consciência completa, observação, pensamento, reflexão pura, coração puro, matriz da memória, vontade essencial, etc)

Com Amor,
Yogacharya Céu e José Orbino Babaji