(do sânscrito Sevaa)Ford Madox Brown ( 1821-1893 ),
Jesus lavando os pés de Pedro, 1852-56, óleo sobre tela,
Tate Gallery, Londres.
Seva é
servir desinteressadamente, sem interesse em benefícios pessoais.
É uma
maneira de melhorar as relações de uma comunidade, promover o bem comum e
elevar o padrão moral de quem pratica. Seva é uma forma de expressar Amor.
Seva
em sânscrito quer dizer prestar um serviço, ou atender alguém, pela alegria de
o fazer, repetidas vezes. Tradicionalmente Seva, que é o trabalho voluntário
sem expectativas de retorno, é um companheiro da prática de meditação.
Meditar com disciplina exige esforço e traz inúmeros benefícios. Mas há o risco
da pessoa praticante desenvolver “ego espiritual”. Em outras palavras, achar
que é uma pessoa superior às outras, porque medita. Esse isolamento, que
desemboca em um narcisismo prejudicial, acaba por afastar o meditador dos
benefícios principais da meditação, que são o amor, a alegria, a humildade
espiritual, o senso de irmandade universal e a compaixão. Surge então a
recomendação da prática de seva. Dedicar algum tempo para fazer algo de bom
para outras pessoas, principalmente as necessitadas, e, se possível, com as
quais não tenhamos nenhum relacionamento pessoal, de nenhum tipo. E com uma
postura e atenção humilde, de servir.
O
maior desafio da Seva é não esperar nada em troca, nem mesmo um agradecimento. E
não sair contando para todo mundo o que você fez. Ser discreto. E nesse ponto a
prática de Seva também se torna uma meditação profunda. Observar nossos
próprios pensamentos e emoções, para conseguirmos nos manter isentos de
expectativa. É uma experiência de autoconhecimento bastante intensa.
Somos
treinados desde crianças a fazer algo esperando um retorno. E nesse processo,
muitos de nós esquecemos o poder da doação, pois transformamos tudo em trocas,
inclusive os relacionamentos pessoais.
A
prática de Seva pode ser libertadora em diversos sentidos. Fazer o bem, pelo
objetivo único de promover o bem, tem efeito terapêutico para a comunidade, e
principalmente para quem pratica.
Reserve, por exemplo, um par de horas por mês. Ou apenas uma hora. E doe esse
tempo para alguém. Nosso tempo com alguém é algo que o dinheiro não pode
substituir, ainda que doar dinheiro, alimento e recursos materiais, também
possa ser bom e necessário.
Você
pode procurar alguma organização que preste serviços voluntários e colaborar. Ou
ter alguma iniciativa pessoal, desde que com orientação de quem conhece o
assunto.
Há quem cozinhe e ofereça os alimentos em orfanatos ou asilos. Há quem vá fazer
companhia para órfãos, asilados ou enfermos. Presta auxílio em centros de
valorização da vida, dá aulas, auxilia estudantes com dificuldades etc.
Pesquise e faça seu melhor. E não espere
nada em troca. Interessantemente, quanto menos esperar em retorno, mais vai
receber, espiritualmente. E ainda assim, é necessário se esforçar para não
esperar nada. É também um exercício de desapego e de aprimoramento da consciência
do poder de doar. É Amor em prática.
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