Na poltrona, Baba Paramahansa Hariharananda Ao seu lado, no chão, Swami Sarveshwarananda. |
Formado em Literatura Inglesa em Grenoble III e com Mestrado em Informação e Comunicação na CELSA, Sorbonne, era ateu e anarquista até conhecer Baba Paramahamsa Hariharananda, em 1988.
O impacto foi tão grande que, em 1994, tomou o voto de Brahmacharya e, em 1997, o voto monástico na ordem Giri, passando a se chamar Swami Sarveshwarananda (Alegria Divina em Todas as Coisas). Iniciou a transmissão da Kriya Yoga de Hariharananda no Brasil, sendo o primeiro professor autorizado a vir para cá, em 1998, acompanhado de Prajnanandaji.
Serviu Baba até sua morte em 2002, sendo, nos últimos anos, seu auxiliar direto mais próximo. Após o falecimento de seu mestre, permaneceu em retiro de silêncio nos Himalayas, de 2002 a 2004. Deu início então a diversas obras humanitárias, na Índia e América do Sul. Em 2009 renunciou ao monastério e tornou-se pai de família, passando a se chamar Yogi Sarveshwarananda. Atualmente mora em Buenos Aires, tem uma filha de 7 anos, e dá aulas no mundo todo.
Está escrevendo um livro sobre a relação guru-discípulo e nos enviou algumas notas do mesmo. Para todos que queiram mais material para refletir sobre esse assunto. Às vezes, é recomendável lembrar que vivemos em um mundo muito lindo, mas também perigoso. Cuidado, atenção, vigília, discernimento, são qualidades fundamentais para quem realmente busca amor e liberação.
De tempos em tempos surgem novamente escândalos envolvendo falsos gurus. O desonesto tem responsabilidade sobre as mentiras que espalha, mas os que o seguem, de forma infantilizada, sem discernimento e cuidado, tem também uma boa dose de responsabilidade nos eventos.
Por outro lado, há quem descarte completamente os gurus, acreditando que já tem as respostas que precisa, por mais confusas e obscuras que sejam.
O que tenho aprendido com Hariharananda é que a questão GURU é antes de tudo vibratória. Só com meditação verdadeira e constante se pode compreender isso. São sutilezas que não são alcançadas com teorias e logorreia. Mas algum subsídio para reflexão (se mastigado adequadamente, antes de engolir) pode dar uma forcinha para entender melhor.
Já postei uma breve história sobre falso gurus:
Agora, segue o texto do Yogi Sarveshwarananda, com material bastante amplo, pra você lapidar melhor algumas coisinhas aí dentro:
A importância do Mestre Espiritual
por Yogi Sarveshwarananda
Hari Aum, amores! Continuo enviando-lhes alguns dos materiais que compartilhei durante a última celebração do Guru Purnima. Hoje vamos começar a falar sobre a importância de ter um Guru para proteção espiritual e sucesso.
Esses textos fazem parte de um livro que estou editando, e publicarei como um e-book no próximo ano, sobre a relação entre professor e discípulo, através de diferentes religiões. Fique atento!
Por que precisamos de um mestre espiritual?
"O mestre espiritual é um médico das doenças mundanas do ego, da emoção, do apego e da ignorância"
(Paramahamsa Hariharananda)
O caminho da espiritualidade já foi descrito como estar no fio da navalha. A qualquer momento é possível cair do caminho, daí a necessidade de um guia que possa apontar os perigos que se escondem durante a jornada, e nos ajudar a retornar quando nos desviarmos do caminho.
No Ocidente, muitos buscadores espirituais ficaram profundamente desiludidos com a arrogância e o autoritarismo que percebem na religião, e se tornaram alérgicos a obedecer a qualquer autoridade espiritual. Uma desilusão comum na Nova Era é, por exemplo, acreditar que "tudo no Universo está aqui para me ensinar", ou que "todo mundo vai acordar em seu próprio tempo". Essas se tornaram a justificativa para rejeitar a submissão à guia de um professor. Como George Feuerstein mencionou em seu livro Santa Loucura: "Uma [...] maneira de se esquivar de um guia espiritual, é manter a ideia de que se pode encontrar o professor em todos os lugares. Isso não está errado, porque a vida em si é uma grande e paciente professora. No entanto, buscar o professor em todas as coisas pode facilmente se tornar uma "viagem mental", uma desculpa para uma abordagem informal da espiritualidade. A verdade é que, sem um mestre espiritual, a liberação não é possível."
El Hadith (Escritura Muçulmana) expressa isso sem rodeios - "Quem não tem um guia, então, Satanás [quer dizer, o ego] é o seu guia".
O Cego guiando o Cego, pintura de Pieter Bruegel, o Velho, de 1568 |
avidyāyā antare vidyamānāḥ svayam dhirāḥ paṇḍitam manyamanā, janghanyamānā pariyanti dhirāḥ andhenaiva niyamanāḥ yathā andhāḥ
“Permanecendo no abrigo sólido da ignorância, e pensando em si mesmo: 'Eu sou sábio e instruído', os tolos de natureza prepotente dão voltas como cegos guiados por cegos. O resultado é óbvio".
E a Bíblia Sagrada explica: "Porque, embora vocês já devendo ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os princípios elementares das palavras de Deus; e vós haveis feito tais, que chegam a necessitar de leite, e não de alimento sólido" (Hebreus 5: 12)
Porque,
devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos
torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de
Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido
mantimen
Hebreus 5:12
Hebreus 5:12
Porque,
devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos
torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de
Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido
mantimento.
Hebreus 5:12
Hebreus 5:12
Porque,
devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos
torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de
Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido
mantimento.
Hebreus 5:12
Mesmo os avatares (encarnações divinas nascidas completamente conscientes de sua divindade) sempre buscam as bênçãos e instruções de um guru, embora nem sempre precisem dele. Por que eles fazem isso? Para dar exemplo para a humanidade. Deus veio como o avatar Sri Rama, mais tarde como Sri Krishna, e ambos avatares foram iniciados por gurus humanos - Vasishtha Muni para Sri Rama, e Sandipani Muni para Sri Krishna. O próprio Jesus, o Filho de Deus, insistiu em receber o batismo de seu primo João Batista. Quando João se opôs, dizendo: “Eu preciso ser batizado por ti, e ti vens a mim?” Jesus respondeu: Hebreus 5:12
“Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça”. (Mateus 3,13-15).
O que é um Guru?
"Sou o professor. Estou treinando meus alunos na vida espiritual. Eu dou minha vida para ajudá-los a avançar na espiritualidade".
(Paramahamsa Hariharananda)
A palavra guru tem muitos significados em sânscrito. Guru significa, literalmente, "pesado" ou "grave" - o contrario de laghú, "leve" ou “leviano”.
Mas seu significado místico se revela pela análise de suas duas sílabas, GU e RU: O Advayataraka Upanishad diz que é formado de duas palavras: gudhá ("escuridão") e ruchi ("lustro", "esplendor", "beleza", "complacente", "agradável" ou "um tipo de coito").
O guru é o estado de realização da alma escondida na forma viva do corpo. (Foto: Mogens Trolle) |
Então, gu é a alma e ru é o corpo. Na terminologia de Kriya Yoga podemos dizer que gu é YA ou o “Ser que habita”, e ru é KRI ou ação. Sem gu ou ya, somos apenas matéria inerte, um corpo sem vida.
O guru é o estado de realização da alma escondida na forma viva do corpo. Guru é também o nome do planeta Júpiter. Júpiter é um planeta enorme, é muito "pesado" (o significado literal do guru em sânscrito), nos pressiona a perceber a Verdade e não nos deixa ir até que a tenhamos percebido. Na astrologia ocidental, Júpiter é considerado o planeta da expansão da consciência; na astrologia védica hindu, ele é o mestre dos gurus.
As qualidades de um Guru
"Aqueles que penetraram nos véus do esplendor da natureza, aqueles que compreenderam a verdade de todas as religiões, aqueles que estão livres da raiva, do orgulho, do ego, das emoções, das alucinações e da especulação, e aqueles que estão constantemente fundidos na consciência de Deus, estes são verdadeiros professores ".
(Paramahamsa Hariharananda)
Não deveríamos nos deslumbrar com um mestre exibindo siddhis (poderes psíquicos), carisma, ou por um grande número de seguidores. São características que podem não ter nada a ver com a sabedoria espiritual. A capacidade de permanecer na calma e de transmiti-la aos outros é o verdadeiro sinal da divindade. Como Ramana Maharshi disse: "Se você sente paz perto de uma pessoa, e se você vê que ela trata todas as pessoas com equanimidade, isso pode ser uma indicação de que ele é um mestre realizado."
De acordo com a tradição tântrica, Shiva explicou que existem três categorias principais de gurus:
1-O primeiro tipo é um professor que oferece um pouco de conhecimento, mas não segue as lições.
2-O segundo, ou nível médio, é aquele que ensina e depois guia o discípulo por um momento, mas não pelo período completo que o discípulo precisa para alcançar o objetivo final.
3-O terceiro tipo é o melhor professor: aquele que dá um ensinamento e depois faz constantes esforços para se certificar de que o discípulo segue as instruções, e finalmente realiza o estado final da perfeição humana.
Encontrando o professor
Adi Shankaracharya em seu Vivekachudamani ("A suprema jóia do Discernimento"), explica que:
durlabham trayameva etat daivānugraha hetukam manuṣyatvam mumukṣutvam mahāpuruṣa samśrayaḥ
"Há três coisas difíceis de obter sem a graça de Deus: o nascimento como um ser humano; salvação e a orientação de um santo guru".
Encontrar e render-se ao mestre espiritual é a decisão mais importante de alguém na vida. Entretanto, não deve ser baseada em emoção, desejo impulsivo ou fé cega. Ou o desastre pode ocorrer.
Testando o mestre
O Kularnava Tantra ("O Rito das 5 Coisas Proibidas") dá o seguinte conselho:
"Um discípulo também é responsável por provar a credibilidade do guru. Há muitos que se dizem gurus, de herança duvidosa, muito pouco familiarizados com o Tantra, os mantras e os efeitos medicinais das plantas e ervas. Suas mentes estão cheias de ganância e tentação, concentradas em explorar a riqueza material de seus alunos."
Nesse sentido, o Tantra instrui o aluno a tranquilamente deixar um professor incompetente ou indigno, como uma abelha deixa uma flor sem mel, e passa para uma nova, mais adequada.
Há muitos que se dizem gurus, de herança duvidosa...
Suas mentes estão cheias de ganância e tentação,
concentradas em explorar a riqueza material
de seus alunos. (Kularnava Tantra)
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O Dalai Lama diz que os ocidentais tendem a entregar-se muito rápido. Ele aponta que na tradição tibetana "Um estudante passa anos observando o comportamento do professor, perguntando sobre ele, observando se ele vive dentro dos princípios que ele ensina, antes de decidir considerá-lo como um guru. De fato, nos primeiros anos de prática, os alunos são encorajados a duvidar, tanto dos professores, quanto dos ensinamentos. Mas depois, eles se entregam completamente. Em contraste, os ocidentais aceitam muito rapidamente qualquer indivíduo que fale ou pareça espiritual, mas depois raramente seguem seus ensinamentos".
Como evitar os falsos profetas
"O comportamento humano não é confiável até que esteja ancorado no Divino."
(Swami Shriyukteshwar)
Encontrar um guia faz parte da busca espiritual e significa encontrar muitos falsos profetas ao longo do caminho. Como Jesus nos advertiu: "Cuidado com os falsos profetas! Vêm ter convosco como se fossem ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos é que vocês os hão-de reconhecer. Porventura podem colher-se uvas dos arbustos ou figos dos espinheiros? A árvore boa dá bons frutos e a árvore má dá maus frutos. Assim pois, uma árvore boa não pode dar maus frutos e uma árvore má não pode dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos corta-se e deita-se ao fogo. Portanto, é pelas suas acções que hão-de conhecer os falsos profetas." Mateus 7, 15-20
Através de tentativa e erro, o estudante gradualmente desenvolverá a discriminação (viveka) e será capaz de selecionar cuidadosamente o guia de sua vida e entregar-se a ele.
Como Ramakrishna Paramahamsa disse:
"Deve-se verificar a moeda antes de aceitar se é genuína ou falsa, da mesma forma, deve-se ter muito cuidado ao escolher um guru" e "Você deve ver o professor dia e noite. Você tem que observá-lo de bem perto e então você pode saber de fato quem ele é. "
Portanto, o aluno deve avaliar cuidadosamente os ensinamentos e o comportamento do professor em potencial, de acordo com três critérios:
1-Cumpre as escrituras?
Se os ensinamentos do professor contradizem as escrituras, ou se ele não puder mostrar a unidade básica de sua mensagem com as religiões do mundo, ele não é adequado para ser um guia. Como Sri Krishna disse no Bhagavad Gita 16:23:
yaḥ śāstra-vidhim utsṛjya vartate kāma-kārataḥ na sa siddhim avāpnoti na sukham na parām gatim
"Aquele que age de acordo com seus próprios caprichos e descarta as Escrituras, nem alcança a perfeição, nem a felicidade, nem a libertação".
2-Está de acordo com a racionalidade?
Se as palavras do professor exigirem que violemos a razão, ou a evidência científica, para seguirem-se seus preceitos, é melhor evitar esse professor.
Como Paramahansa Yogananda disse em seu livro A Eterna Busca do Homem: Como perceber Deus na vida cotidiana, "Eu nunca quis ser tão dogmático a ponto de parar de usar minha razão e meu senso comum. Quando conheci meu guru, Shriyukteshwar, ele disse: 'Muitos mestres dirão a você para acreditar; em seguida, desviam seus olhos da razão e instruem-no a seguir apenas a lógica deles. Mas quero que você mantenha os olhos da razão abertos. Além disso, vou abrir em você outro olho, o olho da sabedoria."
3-Concorda com a moral?
Se o professor exigir que os alunos pratiquem atos desumanos e antiéticos, para serem seus discípulos, procure outra fonte. No entanto, lembre-se de que o professor frequentemente testará o aluno levando-o além da sabedoria convencional e da moralidade mundana, mas nunca ao custo de ferir outras criaturas ou a si mesmo.
Um antigo epigrama sânscrito diz: "Ó meus discípulos! Há muitos que afirmam ser guru, cujos olhos estão constantemente na prosperidade e riqueza de seus discípulos, mas o verdadeiro Guru realizado é muito raro, remove o perigo, as dificuldades, os distúrbios e a ignorância dos discípulos ".
Sri Rama Yogi muitas vezes contava a história de Namdev (ca. 1270 - ca.1350), um grande santo de bhakta, abençoado com o darshan (visão) de Krishna, o que lhe permitia ver e falar com Ele todos os dias. Namdev uma vez pediu a Krishna que o libertasse da ilusão. Krishna respondeu: "Para a liberação, você precisa de um guru humano". Namdev respondeu: "Mas eu vejo você em minhas visões diárias, Senhor. Você mesmo não pode me libertar?" Krishna respondeu: "Eu posso inspirar você, Namdev, mas é Minha lei que a salvação deve ser recebida através de um instrumento humano".
Paramahamsa Hariharananda disse: "Para ter um mestre, precisamos ser um discípulo. "Discípulo" indica alguém que é disciplinado.Em sânscrito diz-se: Shishya - shasanat shishyam uchyate -através da autodisciplina e da auto-regulação, pode-se verdadeiramente ser um discípulo.”
O Mito do Mestre Canalizado
Nada pode substituir a orientação pessoal de um professor realizado ou, na ausência dele, de seus yogacharyas capacitados.
Uma das armadilhas mais astutas do ego é desenvolver uma atração por professores imaginários ou "transcendidos" e declarar-se, com pura emoção e imaginação, como seu discípulo.
Isso é mencionado por George Feuerstein em seu livro Loucura Divina: "Uma maneira de evitar a genuína disciplina é escolher um professor, que está em segurança, morto. A loucura da canalização da Nova Era é sintomática dessa tipo de abordagem. Aqui, professores convenientemente "ascendidos" (portanto, não mais presentes fisicamente) dão todo tipo de conselho, que geralmente são bastante inócuos e exigem muito pouca mudança real... O indivíduo comum, nesta circunstância, se sente compreendido, reafirmado e amado, e confunde esses sentimentos com espiritualidade genuína..."
O Mito do Mestre Perfeito
Balaão e o Anjo (e o burro) pintura de Gustav Jäger, de 1836 |
O ego cria o mito do mestre perfeito nos preparando para inevitáveis decepção e fracasso, e nos fazendo abandonar nosso professor e nosso estudo ao primeiro sinal de imperfeição, garantindo que nunca iremos ganhar profundidade em nossa prática, dedicando todo o nosso tempo para procurar o próximo professor "perfeito".
Gurudev Hariharananda, que alcançou a realização de Deus em 1948 e viveu no estado permanente de realização até seu mahasamadhi (morte consciente) em 2002, ainda estava propenso a revisar seus pontos de vista e se corrigir sempre que encontrasse uma pequena falha em si mesmo. Uma vez ele foi perguntado como era possível, já que ele já havia se realizado em Deus. A resposta de Gurudev foi esclarecedora em sua simplicidade e humildade: "Deus é infinito, e assim também é o caminho da realização de Deus. Todos os dias estou aprendendo algo novo e estou melhorando”.
Neste planeta os professores feitos por Deus são extremamente raros. Para cumprir sua missão, eles trabalham através de seus Acharyas (professores) autorizados, embora estes ainda não tenham sido realizados. O mais importante é entender que: Deus trabalha perfeitamente através de professores imperfeitos. Faz parte do treinamento do estudante avaliar cuidadosamente o caráter e os ensinamentos de seu professor, ou seja, tirar o melhor e deixar o resto.
Como dizia São João Bosco (1815-1888), "Deus pode usar todos os tipos de formas para mostrar sua vontade ao homem. Às vezes usa os instrumentos mais inadequados e indignos, como o burro de Balaão (Livro dos Números, Antigo Testamento), a quem fez falar, ou o próprio Balaão, falso profeta como ele era, que predisse muitas coisas concernentes ao Messias. Assim pode ser comigo”.
O Mestre Definitivo
Em última análise, o buscador espiritual faz o que as antigas escrituras da Índia disseram: - Atmaiva gurur ekam (A alma é a única professora). Quando essa percepção nasce, não há necessidade de um guru externo.
No entanto, o ego sempre tentará interromper essa realização interior, declarando-se autoconsciente antes que o processo seja concluído. Esta é uma patologia espiritual descrita como a síndrome da "metade da montanha".
Como disse George Feuerstein em seu livro Santo Loucura: "Tentando justificar esta abordagem, sempre se apressam em apontar que as próprias tradições orientais falam do "governante interior", o guru ou a luz interior e que, finalmente, até mesmo o mestre externo deve ser transcendido. Isso é correto, é claro. Mas o que nós geralmente não percebemos é que este guia interna é coexistente com a Realidade Transcendental ou a Identidade Genuína de uma pessoa. Portanto, ser "guiado" por essa Identidade, pressupõe a iluminação. Dado que essa Identidade não está separada da identidade egóica do estado não-iluminado, mas na verdade é seu próprio fundamento, é muito possível que tenhamos fortes intuições de pré-iluminação ... Mas como é fácil enganar a si mesmo! O ego é inerentemente conservador. Sempre procurando manter a sua posição no mundo. E, portanto, receberá apenas as intuições e "mensagens" do guru interno, que gosta de receber ".
Ramana Maharshi (1879-1950) |
Até que a verdadeira iluminação nasça, a orientação e a proteção de um guru são vitais, porque o guru guia em duas direções simultaneamente, interna e externamente. No Evangelho de Maharshi, Ramana Maharshi é citado como tendo dito que "O Guru guia externamente (olhar, fala, karma, yoga...) e o Guru guia internamente (puxando a mente para dentro). Isso é guru kripa (o graça do professor)".
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