O Amor é o mais importante. (parte 3 de 5)

  • Uma canção para o Seu Amor.
  • A história do Fazedor de Chuva.
  • O tal hormônio do amor.
  • Mais amar do que ser amado.
  • Sexo. 
No fim de semana de 27 e 28 de Maio de 2017, o grupo de São Paulo reuniu-se em um sítio para um Retiro de Aprofundamento em Kriya Yoga. O tema de estudo: "O Amor é o mais importante." 

O que segue é a terceira parte do texto base que foi desenvolvido nesse retiro:

Claro que nosso retiro não se resumia a ficar estudando conceitos e textos. Meditamos algumas vezes na técnica do Primeiro Kriya, uma vez na meditação em movimento da linha Theravada, e fizemos alguns exercícios de consciência corporal variados.
Na manhã do segundo dia, após as práticas de corpo, o grupo permaneceu deitado, de olhos fechados, ouvindo esta música do compositor brasileiro Gilberto Gil:
 

O Seu Amor

O seu amor
Ame-o e deixe-o livre para amar
Livre para amar
Livre para amar

O seu amor
Ame-o e deixe-o ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser

O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz

O seu amor
Ame-o e deixe-o ser o que ele é
Ser o que ele é


Eu senti que precisava recomeçar. Que eu não tinha conseguido acertar na noite anterior. Então, resolvi contar a

História do Fazedor de Chuva*


Esta é uma história que Jung aconselhava a seus alunos que fosse contada sempre que o grupo junguiano se reunisse para fazer um seminário ou conferência. Num dos últimos Natais, pouco antes de sua morte, em um jantar de confraternização, Jung contou ela novamente. Todos já a conheciam, no entanto, assim que terminou de ser contada, declararam que a atmosfera toda mudou.

A história é verídica. Foi vivida pelo amigo próximo de Jung, o sinólogo Richard Wilhelm. Ele estava vivendo em uma aldeia, em região remota da China, que passava por uma seca terrível. Quando a situação estava completamente insustentável, para essa gente que dependia da chuva para ter o que comer, resolveram buscar um “fazedor de chuva”.

Wilhelm acompanhou o caso com atenção: O homem, um velho ressequido, veio em uma carroça coberta. Quando chegou e saiu do veículo, fungou com expressão de nojo. Pediu então que o deixassem isolado sozinho em uma pequena cabana próxima, mas externa à aldeia. Suas refeições deveriam ser deixadas na sua porta.

Durante três dias ele permaneceu ali. Depois disso, começou a chover. Cada vez mais forte. Não só choveu intensamente, como até nevou, como nunca se tinha visto antes nessa época do ano. Wilhelm ficou impressionado e foi procurar o homem na cabana. Queria saber como ele tinha feito chover, e até nevar.

O fazedor de chuva respondeu que não era responsável por aquilo. Wilhelm insistiu: - Havia uma seca terrível e trouxeram ele pra fazer chover. E poucos dias depois, choveu intensamente. O que aconteceu?

“Ah, isso eu posso explicar! - Disse o homem - Eu venho de um lugar distante, onde as pessoas estão em ordem, em harmonia com o Tao. Então o tempo também está em ordem, em harmonia. Mas quando cheguei, percebi que as pessoas não estavam em ordem. E elas logo me contaminaram. Então precisei ficar sozinho, até estar de novo em Tao. Quando entrei em ordem, naturalmente choveu e nevou.”

Fim da história.

(* A História e as observações sobre ela podem ser lidas no livro escrito pela amiga próxima de Carl Jung, Barbara Hannah: “Rencontres avec l’Âme – L’imagination active selon C.G. Jung”)

Então é disso que tratamos quando realizamos o Amor: encontrar em si o pivô de nossa consciência amorosa. Não depender nem de pessoas e nem de deuses externos. Não nos deixarmos contaminar por nossas projeções, nossas transferências, que forjam inimigos e diabinhos.

Assim que a meditação é arte e ciência de trazer a consciência ao centro, à fonte. Gradativamente ir se desidentificando de nossas projeções, nossas transferências, para chegarmos, fisicamente, ao ponto chamado de Centro da Consciência: o Sexto Centro, Centro Crístico. Como diz Baba Hariharananda: O Ponto Atômico. Onde o som se funde à luz e a vibração de onda, em uma unidade amorosa, não relativa a espaço e tempo. Terceiro olho, onde se desfazem as dualidades.

Os Gurus nos pedem para que observemos nosso EU, guiados através da respiração plenamente consciente, até que cheguemos no ponto vácuo atômico que é a porta do Espírito. Algumas das técnicas que estudamos, utilizando diferentes órgãos e músculos da cabeça, nos permitem chegar até esse ponto. Ele é o próprio centro vazio da órbita das glândulas pineal e pituitária. Aqui eu posso afirmar a quem lê este texto agora, que isso é possível sim. Eu, que sou cheio de limitações e precariedades, consigo. Então certamente você também consegue. Precisa de alguma persistência e disciplina. De preferência alguma técnica de meditação decente, praticada diariamente. Um professor que saiba mesmo do que se trata, ajuda muito. Tenho a benção, é verdade, de ter na minha vida alguns professores muito bons. Mas o essencial é sua busca e empenho, não o professor. E tem aquela história de que quando o aluno está pronto, o professor aparece. Bom, não é exatamente assim que acontece, mas é mais ou menos isso. Então, vai se aprontando, desde já.

O essencial aliás, é sua capacidade de identificar em si mesmo o AMOR. Essa é a pista mais importante. Deste jeito, por exemplo:
Tem muita coisa relacionada à meditação nessa área do cérebro acima da medula oblongata. Pra isto não ficar ainda mais longo, vamos focar no hormônio oxitocina. Alguns cientistas, pra simplificar, dizem que é o hormônio do amor. Que é a liberação dele na corrente sanguínea que proporciona sensações de afeto, prazer físico, aconchego e pertencimento. Ele é produzido no hipotálamo e armazenado na pituitária, especificamente na neuroipófise.

Pessoas que não desenvolvem autoconhecimento, quando tem descargas de oxitocina, creditam a personagens externos sua sensação de prazer e acolhimento: a mamãe sorridente, o namorado bonito, o time de futebol, a irmandade com as mesmas crenças, o carro novo, os “likes” nas redes sociais... E por outro lado, sentem como ameaça a sua fonte de oxitocina, tudo que “ameaça” seus personagens: o irmãozinho que roubou a atenção da mamãe, a garota bonita que está conversando com “meu” namorado, a torcida adversária, os que pensam diferente, etc.
Ou seja, a dependência química que TODOS NÓS temos da oxitocina, também é a razão de nosso ódio cego, do sangue nos nossos olhos, quando nos deparamos com algo ou alguém que ameace o que pensamos ser nossa fonte de “amor”.
 

Por outro lado, a pessoa que medita consistentemente, automaticamente vai se tornando capaz de liberar sua oxitocina a partir da própria experiência de aprofundamento da cognição interior. Se torna auto-suficiente no fornecimento da droga que mais necessita... Mais uma vez: a pista para esse processo é a consciência do AMOR.

Você talvez se pergunte: Mas então ela deixa de amar os outros?
Não. Ela deixa de se iludir com a fonte de sua experiência amorosa. Quanto mais sensível a essa experiência, mais ela pode, por vontade própria, dedicar esse amor que sente a quem quer que seja. Passa a entender, em um nível mais aprofundado, a oração de São Francisco de Assis:
...
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
 


A oração remete ao eixo discípulo-mestre, que é o eixo das duas pétalas (HAM-SA) exatamente do Sexto Centro. A liberação, a realização da imortalidade da alma, se dá nesse eixo. Quando nos percebemos puramente existentes no vácuo do ponto atômico. E, amando a si mesmo sem dependências, conseguindo mais amar do que ser amado.
Entendeu? Não? Então medite mais. Com Amor.

Por último, lembrando a fala de um de nossos amados professores, o Yogi Sarveshwarananda: - As pessoas fazem tudo por amor. É por amor ao dinheiro que o obcecado em dinheiro se move. É por amor ao sexo que o viciado em sexo se move. É por amor à guerra que o louco das guerras se move. É por amor à família que os pais se movem. É por amor à poesia que o poeta escreve. Todas as formas de ação, virtuosas ou viciosas, são movidas por Amor.
E nenhuma delas libera o espírito, não importa se virtuosa ou viciosa. O que liberta é a compaixão, a capacidade de não estar preso ao objeto do amor. Então, sim, é verdade, vamos verificar que os seres que desenvolvem esse tipo de amor com espírito livre, vão dedicar seu amor às expressões virtuosas do Amor.
O verdadeiro bem não é uma opção, é uma conseqüência:
Conseqüência da conquista sagrada do Amor.


No trecho anterior eu escrevi que trataria da questão do sexo, por causa do conto de João Boca de Ouro.
Se João tivesse sido um asceta rishi, alguns milhares de anos antes, nos tempos anteriores ao pré-brahmanismo, não teria se atrapalhado tanto com a atração sexual que sentiu pela “bela” princesa. Sua confusão exagerada e sua explosão emocional foram fruto da orientação cega que recebeu da então vigente instituição religiosa.

Um asceta limita suas experiências sexuais, não porque o ato em si seja um problema. Mas:


- O ato sexual libera “energia” no corpo, através da liberação de hormônios e ação dos neurotransmissores. O processo de canalização dessa “energia” para consciência transpessoal é parte dos estudos avançados de meditação. Quem se dedica a essas práticas realiza “jejuns” ou “concentrações” e “expansões” de sexo, como parte desses estudos. Essas práticas necessitam orientação cuidadosa e são diferentes, de acordo com o gênero sexual.

- O ato sexual, em si, é neutro. Mas pode ser, ou um ato de posse e afirmação egoísta, ou um ato de integração e elevação amorosa. Depende da consciência de quem o pratica: vai com a consciência para baixo ou para cima. O que vai pra baixo, leva cada vez mais pra baixo. O que vai para o Amor, se ilumina. Entendeu?

Baba Hariharananda tem uma forma simples de orientar essa questão:
- No ato sexual (antes, durante e depois) lembre-se: não é você quem está fazendo sexo, é o Deus manifesto quem está fazendo sexo através de você.
É uma orientação bem didática essa, mesmo que você faça questão de não acreditar em Deus.
Da consciência profunda dentro de você, observe de onde vem seu desejo sexual, onde ele o/a coloca, e para onde o/a leva.
Esse é um dos caminhos para entender o significado de Shakti.

O sexo é um dos mais evidentes e poderosos canais da vitalidade (mas não o único e nem o mais poderoso). Através desse canal existe a possibilidade de elevar ou baixar a consciência amorosa. Você decide.

No final da manhã do segundo e último dia eu já estava plenamente consciente que não chegaria, nesse retiro, com as pacientes almas que resolveram tolerar minha pretensão, até onde eu achava que chegaria.
Eu ainda nem tinha começado a estudar o livro de Sree Yukteshwar, que era afinal o ponto principal do programa...
Nas próximas duas partes (e finais) desta sequência de posts, trato disso.

Yogacharya Céu, São Paulo, Brasil, maio-agosto 2017
(revisado em Aalter, Bélgica, dezembro 2017)


O Amor é o mais importante. Parte 1 de 5

O Amor é o mais importante. Parte 2 de 5

Meditação no BNP Paribas/ Cardif

No dia 19 de Outubro de 2017, estive na representação em São Paulo do banco francês BNP Paribas/ Cardif.

Para uma palestra aberta aos funcionários da empresa, com tema Meditação sob Medida.

Parti de uma abordagem menos convencional, discutindo aspectos limitantes do nosso sistema sensorial. Porque nossos olhos nos enganam fazendo acreditar que estamos vendo coisas que não existem, por exemplo. E da meditação como um caminho para reordenar os sentidos e "limpar" a percepção e as marcas psicológicas.

Falei um pouco sobre a cultura dos Rishis e do Vale do Indo como berço original da meditação, e trouxe várias informações sobre os estudos atuais do funcionamento do sistema nervoso central e dos benefícios da meditação. 

Fizemos algumas atividades de consciência motora e uma meditação em movimento simples. 
Alguns colaboradores da empresa, que participaram da palestra, quiseram dar continuidade, e os atendi particularmente, montando programas individuais de Meditação sob Medida. 

Oportunamente preciso escrever para vocês um post explicando melhor o que é isso, e como se diferencia da iniciação em Kriya Yoga.


Yogacharya Céu


Coração abismo



detalhe de "A Festa da Água e do Céu para celebrar
a vitória da Rocha (que permanece)"
América nos Olhos de um Alienígena O-1,
de Céu D'Ellia


Tenho esse coração buraco escancarado no meio do peito. 

Paradoxo: No fundo infinito desse abismo assustador, está o topo de uma infinitamente alta montanha de luz.

Paradoxo: Meu coração é o seu coração. Coragem. Salte. 


Yogacharya Céu,
SP 20 nov 2017

O Amor é o mais importante. (parte 2 de 5)


  • Um polêmico conto germânico do século XV. 
  • O mito do viveram felizes para sempre. 
  • Instituição x Verdade. 
  • Sinceridade.
No fim de semana de 27 e 28 de Maio de 2017, o grupo de São Paulo reuniu-se em um sítio para um Retiro de Aprofundamento em Kriya Yoga.  O tema de estudo: "O Amor é o mais importante."

O que segue é a segunda parte do textobase que foi desenvolvido nesse retiro: 

Na noite do primeiro dia, nos reunimos ao redor de uma fogueira, para ouvir uma história.

Há muitas histórias que nos fazem refletir sobre o que é o Amor. Eu optei por uma que desafiasse o que tínhamos estudado até ali e colocasse uma perspectiva diferente. Muitas vezes é importante desaprender o que virou clichê na nossa cabeça. Tirar as teias de aranha das certezas. 
Mas talvez eu tenha exagerado na dose. Algumas reações foram além do que eu esperava. Eu primeiro vou contar a história. Depois, explico:



A Penitência de São João Crisóstomo
(por Lucas Cranach, o Velho, circa séc.XV-XVI)
Este antigo conto germânico, do século XV, é uma versão folclórica medieval da vida de São João Crisóstomo. Se o conto já tem quase 500 anos, o santo é ainda mais antigo: Foi bispo nos primeiros tempos do Cristianismo, tendo nascido na Antioquia cerca de 345 d.C.

A História de João Boca de Ouro*


O conto, estranho e fantástico, diz que houve em Roma um Papa que gostava de viajar com seus cavaleiros. Em uma dessas viagens o Papa afastou-se do grupo e cavalgou, lenta e solitariamente, para um local ermo, afim de fazer suas preces. No silêncio solitário escutou um lamento. Uma voz infeliz se lamuriava. O Papa procurou pelo dono da voz, mas não viu ninguém. A voz continuava a chorar e se lamentar, mas nada se via.


O Papa pensou que se tratava de um fantasma e disse em voz alta: 
- Você, quem chora! Em nome de Deus me diga quem é! 
A voz, dolorosamente respondeu: 
- Sou uma alma miserável e amaldiçoada, sofrendo nas chamas do inferno... 

O Papa ficou com pena do infeliz e perguntou se havia algo que podia fazer para ajudá-lo.
- Nada pode fazer! Foi a resposta. - Mas em Roma há um homem muito bom, casado com uma mulher cheia de virtude. Em breve eles terão um filho, que se chamará João. Crescerá um homem abençoado e se tornará sacerdote. Se ele rezar dezesseis missas em minha intenção, serei enfim libertado das chamas do sofrimento. Em seguida o fantasma deu detalhes de como encontrar o casal de pais. E depois de um longo urro que gelou o sangue do Papa, desapareceu.

De volta a Roma o Papa procurou pessoalmente o piedoso casal. De fato esperavam o nascimento de uma criança. Concordaram em receber a proteção do Papa. Quando a criança nasceu, foi levada até ele, que a batizou João.

Considerado pelo Papa como um filho, aos sete anos João foi para a escola. Mas o menino tinha muita dificuldade com os estudos e logo tornou-se alvo de chacotas dos colegas. Sentia-se envergonhado e triste. Assim que, a cada manhã, passou a rezar diante do altar de Nossa Senhora. Um dia, para sua surpresa, a imagem esculpida falou: - João, beija minha boca. Beija-me e se tornará o mais sábio homem da terra, mestre de todas as artes.  Com medo e tremendo, o menino fez o que a imagem pediu.

No mesmo dia, na escola, via-se a volta de sua boca um círculo dourado de luz brilhante. E sua inteligência desabrochou assombrosamente. Tudo ele respondia, tudo ele sabia. A partir desse dia passou a ser o professor da escola e recebeu o apelido de João Boca de Ouro.

O Papa, sempre lembrando da alma sofredora que encontrara anos antes, fez com que João fosse ordenado sacerdote o mais cedo possível.  O rapaz celebrou sua primeira missa mal completos dezesseis anos. Mas dentro de si João estava desconfortável diante de Deus. Achava-se jovem demais e despreparado. Decidiu que assim que terminasse o banquete em sua homenagem, logo depois da missa, deixaria toda aquela riqueza material, para se tornar um eremita pobre vivendo no ermo.

E assim fez. Apos receber as honrarias e felicitações e depois que os convidados foram embora, partiu escondido, vestido com trapos e levando apenas um pedaço de pão. Quando o Papa deu conta do sumiço do jovem prodígio, deu ordem de busca. Mas em vão. Ninguém encontrou o paradeiro de João, que instalou-se em um local escondido e deserto, na floresta, a beira de um abismo. Vivia em uma casa feita de cascas de árvores, comia raízes e ervas. Jejuava, orava e mantinha-se desperto, em busca da revelação.

Não muito longe dali, estava o castelo do Imperador. Um dia, a princesa, filha do monarca, estava colhendo flores, quando um forte tufão soprou subitamente. Ela e suas amigas foram levantadas pelo vento. Mas quando o vento passou, a princesa estava desaparecida. A guarda imperial a procurou incansavelmente, sem sucesso, abatendo de tristeza o Imperador.

De fato o vento levara a jovem donzela até a porta da cabana de João. Assustada, mas sem nenhum ferimento, a princesa ajoelhou diante da casinha e pôs-se a rezar, acalmando-se.  O rapaz ouviu a voz e veio ver o que era. Alarmou-se diante da beleza. Mas a jovem suplicou para que ele a abrigasse, argumentando que poderia morrer de fome ou ser atacada pelos animais da floresta. João cedeu e a admitiu em sua pobre casinha de um só cômodo.

João riscou uma linha no chão de terra da cabana, dividindo-a em duas partes iguais. Os dois passaram a viver juntos, mas sem se tocarem. Igualmente alimentavam-se de ervas e raízes, jejuavam e oravam. Mas crescia o desejo entre os dois e, depois de um certo tempo, João cedeu e entregaram-se ao prazer do corpo. E depois João caiu em arrependimento.

O arrependimento transformou-se em fúria. Empurrando a moça para que se afastasse, acidentalmente jogou-a no abismo que ladeava a casinha. No mesmo instante percebeu que acabara cometendo um erro muito mais grave. Gritou de dor e arrependimento: - Matei uma moça inocente! 

João saiu correndo pela floresta, desesperado e aos prantos: - Senhor Meu Deus, por que me abandonou? Gritava. Então decidiu ir até Roma para se confessar na igreja. Coincidentemente foi o Papa, seu padrinho, quem recebeu sua confissão. Separados pela cortina do anonimato, os dois não se reconheceram. Ao ouvir o que João fizera, o Papa não aceitou o arrependimento: - Suma daqui! O que você fez não pode ser perdoado. Você é um animal selvagem! 

João voltou a sua cabana. Pensava: - Não duvidarei da misericórdia de Deus, que é maior do que qualquer pecado. Prometo caminhar de quatro, como um animal, até que Deus me de a graça do seu perdão. E inclinou-se no chão e passou a viver assim. Passaram-se os anos e João nunca mais se levantou. Suas roupas apodreceram, seus cabelos e pelos cobriam a pele suja e áspera. Não parecia mais um ser humano.

Enquanto isso, em Roma, a esposa do Imperador deu a luz a uma nova criança. O Papa foi chamado para batizá-la. No momento em que tomou o bebê nos braços, todos em volta ficaram assombrados, porque o recém nascido falou. E suas palavras foram: - Não é você quem pode me batizar! Eu só serei batizado pelo Santo João, que virá da floresta, enviado por Deus. A criança foi devolvida imediatamente aos braços da ama de leite. Aturdido, o Papa perguntava a todos se sabiam onde estava esse tal santo João, mas ninguém sabia responder.

Por esses dias, os caçadores imperiais capturaram um estranho animal. Como o animal não tentou fugir e nem opôs resistência, foi trazido vivo  para o castelo. Solto no pátio, para que todos pudessem vê-lo, escondeu-se embaixo dos bancos. Uma multidão de curiosos cercou-o e tentavam empurrá-lo com varas e lanças, para que pudesse ser visto. Entre os curiosos estava a ama de leite, segurando o bebê do Imperador. E novamente, para o grande espanto dos que estavam presentes, o recém nascido falou: - Levanta, João! E venha me dar o batismo! 

Novo espanto. O estranho animal no chão levantou a cabeça e todos viram que era a de um ser humano. E disse: - Se o que diz é verdade, e se essa é a vontade de Deus, fale novamente. 

E o pequeno bebê repetiu: - João, meu amado! Sinta a alegria e a misericórdia divina, porque Deus perdoou os seus pecados. Levanta e venha me dar o batismo! E João colocou-se em pé. No mesmo instante toda a sujeira tombou do seu corpo como se fossem cascas. Limpo e iluminado, João foi vestido ao mesmo tempo em que batizava o infante.

Levado ao Papa e ao Imperador, não foi reconhecido como o João que partira anos antes. Mas exalava tanta paz e luminosidade, que foi recebido como um santo rei. Ouviram sua história e passaram a saber quem era. Mas ao Imperador restou o lamento. Chorou por sua pobre filha e pediu a João que o levasse até o local do acidente. Pensava que poderia recolher os ossos da falecida e dar-lhe ao menos um sepultamento.

João levou o Imperador e seu séquito até o despenhadeiro, local de sua antiga choupana. E quando debruçaram-se diante do abismo, mais uma surpresa assombrosa: Lá estava a princesa, envolta em luzes, viva e com a mesma beleza que tinha quando sumiu no dia do vento. – Os anjos me sustentaram! Disse ela, como se o tempo não tivesse passado. – O que esperam para me tirar daqui? 

Todos voltaram para Roma. O imperador e sua esposa abraçados à princesa e agradecendo a Deus por mais aquele milagre. O Papa por sua vez, indagou João: 
- João, quantas missas celebrou?
- Apenas uma. Aquela primeira. Respondeu 
- Meu Deus, a alma ainda o espera! Replicou o Papa. E explicou tudo que

acontecera, anos antes ainda do nascimento de João.

Durante os quinze dias seguintes, João conduziu as missas restantes, libertando a alma misteriosa de sua pena. Os anos passaram, João tornou-se bispo e suas palavras eram recebidas como bênçãos na forma de uma chuva de ouro. E quando escrevia e a tinta acabava, molhava a pena nos lábios e escrevia palavras de ouro. E assim, como na infância, voltou a ser chamado de João Boca de Ouro.

Fim da história.

(* A História de João Boca de Ouro pode ser encontrada, com mais detalhes, no livro “A Conquista Psicológica do Mal”, de Heinrich Zimmer, compilado por Joseph Campbell )

Ao terminar de contar a história, perguntei aos participantes do retiro o que achavam. Havia um certo sentimento de perplexidade e até incômodo.

Houve quem questionou o exagero de João. Para que se sentir tão culpado pelo desejo sexual. Por que não aceitou seu envolvimento com a princesa como amor, largou os dogmatismos da igreja e casou-se com ela.

E talvez pudessem viver felizes para sempre?

Será que é esse nosso real entendimento de amor, então?

Quando instigados a pensar no amor, produzimos conceitos filosóficos muito elegantes e belos. Mas quando chacoalhamos um pouco nossa memória, o que acaba vindo a tona é nosso desejo de viver um romance de conto de fada (com um pouco de erotismo, que ninguém é de ferro)?

Bem, nesse momento do retiro comecei a me perguntar se eu conseguiria realmente transmitir o que pretendia. De fato, no final do retiro, percebi claramente que não. Mas vamos ver um pouco melhor uma possível interpretação desse antigo conto, quase medieval:

Seria pouco inteligente discutir se os fatos dessa história são verdadeiros, parcialmente ou completamente imaginados. Ainda que eu mesmo tenha testemunhado que a ordem esperada da realidade possa ser alterada, os chamados milagres, não é isso que me importa neste conto. O que podemos aproveitar desse tipo de fábula sobrenatural, é o desafio ao entendimento de nossos próprios valores. O questionamento que podemos fazer sobre os alicerces de nossas crenças e a possibilidade de nos encontrarmos com o entendimento de seus símbolos como portas para nossa própria realização. As metáforas do inconsciente, que se manifestam em sonhos, contos populares e arte, são (algumas vezes) pistas para nossa libertação.

O contexto histórico dessa história é: Germânia (Alemanha) no século XV.  Está se vivendo o início da Reforma. É a época de Lutero e dos questionamentos sobre a autoridade do Papa e da Igreja Católica. Além disso evoca a figura de São João Crisóstomo, que no século IV foi um bispo que desafiou muitas vezes a instituição papal, para ficar do lado do povo humilde. O conto não desrespeita o Papa, mas o apresenta como um homem que, ainda que bom e compassivo, não alcança a dimensão espiritual da autêntica santidade. O conto revela logo no início uma forte reverência à adoração de Nossa Senhora, representada por uma imagem *2 . Portanto tem raízes católicas e não adotou os dogmas do protestantismo. Mas questiona a instituição religiosa, representada pelo Papa, em contrapartida à autentica santidade, representada por São João. É um conto popular que anuncia, naquela época, o esvaziamento da crença na Igreja institucional, e a busca de uma autenticidade espiritual, em algum lugar mais verdadeiro e próximo das raízes. 

E aqui está o ponto que realmente me fez contar esta história: A busca espiritual vai além das convenções institucionais. Muito importante: Para se encontrar a Verdade, o Amor que liberta, não se pode temer rever as regras que impõe obediência cega.

Não importa a ideologia ou a crença religiosa: o dogmatismo sempre aparece quando as pessoas se reúnem e começam a criar regras. É bom que as pessoas possam se organizar para fazerem o bem, para invocarem o Amor. Mas é preciso estar alerta para que a organização não se torne mais importante que o Amor. O Amor é o mais importante.

Uma das coisas que chama a atenção na história de João Boca de Ouro é que, apesar de suas limitações, sua dificuldade em estudar, seu destempero que acaba empurrando a moça para o despenhadeiro, existe algo dentro dele que o guia. Sua realização já estava traçada desde antes do nascimento: Até no Inferno ele era esperado para trazer a libertação. Mas ele ainda não estava livre quando nasceu. Ainda não tinha encontrado dentro de si a criança divina que o chamaria para revelar a si mesmo. E essa criança, por força de seu empenho em encontrar a Verdade, acaba falando pela boca de uma outra, para que ele possa finalmente estar em pé, coluna ereta, pronto para fazer o que cumpre-se que se faça através dele.

Sim, quando ele é menino, por força da inocência, revela por um tempo a sua identidade: é a primeira aparição de João Boca de Ouro, o menino ignorante que subitamente se torna um professor. Mas a adolescência lhe traz o corpo adulto e os hormônios. Como lidar com as próprias paixões, com o desejo, com a raiva, a sensação de impotência e o sentimento de culpa? Ele busca o caminho institucional: a confissão e o perdão do padre no confessionário. Mas nem o próprio Papa, que também é seu padrinho é capaz de libertá-lo. Ele precisa se curvar e buscar dentro de si. Há porém algo que não se curva: a convicção que a Misericórdia, que não é outra coisa senão o Amor Divino, é maior do que qualquer erro, do que qualquer pecado. 

- A qualidade número um do buscador espiritual é a sinceridade, diz Baba Hariharananda. Isso não significa ser bruto ou inconveniente com os outros. Podemos desenvolver a paciência e o respeito com os outros, mas sempre sendo sinceros com nós mesmos. A sinceridade e franqueza é consigo mesmo. Quem realmente quer encontrar a realização do Amor e da Verdade espiritual, não pode se enganar.

Precisa admitir para si mesmo o que realmente está pensando, sentindo, entendendo, e quais são suas dúvidas. Trata-se de uma permanente e profunda investigação interior. Não pode aceitar meias verdades, que são meias mentiras, com a desculpa de estar “bem” com uma situação que na verdade nem entende e nem aceita. Admitir as próprias limitações. Não idolatrar pessoas. Não ser hipócrita. 

Entende por que escolhi essa história? Há que se buscar dentro de si, sinceramente, o Amor, se quiser entender o que realmente é a Meditação e a prática de Kriya Yoga: - O Amor é o mais importante. 

Há que se tomar cuidado com as instituições. Cuidado para não transformar sua prática de Kriya Yoga em uma adoração institucional aos gurus, aos livros, à técnica, às palavras. É fundamental não transformar a prática da meditação em um culto ao próprio ego: - Eu sou mais importante, porque medito. Eu sou mais importante porque sigo o Guru X, ou o Mestre Z. Ou  sou mais importante porque sou um inteligente ateu, ou um inteligente qualquer outra coisa. Não é nem a instituição e nem você que são o mais importante para a realização na meditação. O A-M-O-R é o mais importante. 

Certamente um dos pontos em que as pessoas se confundem nesse conto, é a repulsa de João ao sexo. Nos faz pensar nos dogmas ultrapassados de religiões que condenam o prazer sexual, ou que o consideram pecaminoso. Mas vou deixar para tratar desse assunto na próxima parte desta série.

Na noite em que estudamos essa história, antes de nos recolhermos para o sono, uma das participantes propôs que uma dança circular em volta da fogueira. Foi bem legal. Minha cabeça descansou um pouco. Mas comecei eu mesmo a perceber que não estava à altura da tarefa que tinha me proposto. Eu ainda não tinha em mim consciência suficiente do Amor, para poder compartilhá-la. Ainda estava me escorando demais em palavras e conceitos.

Yogacharya Céu, São Paulo, maio-agosto 2017

(*2 Barbara Lein, nossa amiga de meditação, me escreve assinalando que a rejeição à Virgem Maria, pelo protestantismo, é um fenômeno mais recente, e que não condiz com o pensamento de Martinho Lutero. Nos enviou este link que sugiro que também leiam: Lutero, os Reformadores e Nossa Senhora )

O que você busca?


Fora da fonte de si, são apenas as projeções: A imagem do outro e a auto-imagem.

Não é busca. É criação de personagens: O deus e a negação do deus. Um deus e um satanás. Minha tribo e as dos outros. Hierarquias.

Há quem de fato busca.
Mas busca o que?

Quem busca poder, não encontra libertação. Encontra hierarquias.

Quem busca libertação, encontra também poder.

Quem busca amor, só encontra se desaprender a mentir. Para o outro, para si.

Humildade: Não se busca. É a humildade quem encontra você.

Yogacharya Céu
 

São Paulo, 2017-Nov-08


Programa de São Paulo de 2017, com Sarveshwarananda


E aconteceu em Sampa mais um programa de estudos e iniciação na meditação Kriya Yoga. Conforme ensinada por Paramahansa Hariharananda, seguindo a tradição do Ashram de Karar.

O programa foi guiado pelo Yogi Sarveshwarananda, que atualmente reside no ashram em Buenos Aires. Depois de São Paulo, foi para a França, para guiar outro programa.

Neste ano 2017, as atividades foram amorosamente programadas e dirigidas pelas Mamajis Cintia Lima e Camila Bogéa. Muita gente do grupo colaborou voluntariamente. Gratidão a todos.


Fico feliz que o grupo continue se desenvolvendo, gradualmente e com vivências tão amorosas. Desenvolver a maravilhosa paz interior, de onde nascem tantas coisas perfumadas e claras, só com respiração, e sem nenhum artifício químico ou culto ilusório a falsos mestres narcisistas.
Manter a disciplina da meditação diária e de algum trabalho voluntário, uma vez ou outra, mas sempre feito com alegria.

Eis um grande feito. 


Boa libertação pra todos. 

Nos vemos no Oceano de Luz.

Yogacharya Céu
Sampa, outubro de 2017


Consciência do Nada


JIVA 4- PLANOS, desenho-litogravura de Céu D'Ellia

O VEDANTA cita, entre os aspectos da mente, AHANKAARA.

Quem estuda sânscrito sabe que traduções diretas das palavras são impossíveis ou, ao menos, não recomendáveis. Meus professores desse idioma, que também são meus professores de meditação, diriam que o significado do sânscrito só pode ser entendido, inicialmente, por aproximação explicativa. E em seguida, mais que compreendido, “realizado” pela prática constante da meditação.



Assim, uma forma aproximada de entender AHANKAARA, é como o aspecto de nossa mente que faz a separação entre “eu” e “outro”, ou “eu” e “resto do mundo”. É chamado também de semente da separação. A separação, na consciência, do que se entende como “eu” e de “tudo que não é o eu”.

Também podemos dizer, ahankaara é o “eu que pensa que faz”, o “eu que pensa que é”. É aquela parte da mente que esquece que o corpo é conseqüência de fatos e matéria que antecedem o próprio nascimento. Que esquece que as próprias ideias, palavras, conceitos, existem independe e anteriormente à percepção de “eu”. E continuarão depois da morte desse “eu”, através do mundo e dos outros.

Costuma-se traduzir AHANKAARA como EGO. Mas não é mesma coisa. O que se entende como ego engloba o ahankaara e mais outros aspectos da mente. Poderia se dizer, de forma simplificada, que enquanto uma pessoa que perde a noção de EGO, enlouquece, por outro lado, uma pessoa que se liberta de AHANKAARA, alcança a consciência transcendental. Ou seja, a consciência que vai além de si própria e que é capaz de enxergar o outro como um fenômeno de uma só totalidade do qual todos fazem parte. Uma consciência, portanto, que se torna compassiva, intuitiva e empática.



Dizemos também que ahankaara, semente da separação, é assim também semente da “angustia primordial”. Um estado de desconforto atávico que todo ser humano comum carrega desde o nascimento. Alguns com alguma consciência disso, outros com nenhuma. Uma insatisfação, nunca superada, que procura ser preenchida por experiências físico-sensoriais, emocionais e intelectuais. O motivo dessa “angústia primordial” seria a separação que se dá na consciência, quando o ser deixa de fazer parte do Todo e passa a se perceber indivíduo. Há o prazer de se perceber existente e há a dor da separação da totalidade. Entre o prazer e a dor, aloja-se a angustia.



Os aspectos da mente só podem ser plenamente percebidos em estados específicos da própria mente. Perceba que “aspecto” e “estado” são termos diferentes. Aspecto é uma característica, um elemento. Estado é um local, uma instância.

A inter-relação entre aspectos e estados determinam o tipo (ou qualidade) de consciência de um ser individual.



(Aqui, um parênteses...
Talvez a Fenomenologia, que é uma corrente filosófica surgida no Ocidente, bem no final do séc. XIX, tenha aberto espaço para se perceber, no auto-proclamado mundo ocidental, que as práticas orientais de meditação não eram meros rituais supersticiosos. Um discernimento que já se esboçava ainda algumas décadas antes, com as ideias filosóficas de, entre outros, Immanuel KANT e Arthur SCHOPENHAUER.

Mas é apenas em meados do século XX, com os avanços científicos nos estudos do funcionamento do sistema nervoso central humano, que se começa a perceber que, além de fonte de reflexões filosóficas, meditação é uma ciência que pode ser verificada empiricamente e que tem gradações quantificáveis de desenvolvimento. O fato objetivo é que descrições sobre o funcionamento da mente, registradas nos UPANISHADS em tempos remotos, hoje são verificadas em laboratórios e análises do metabolismo humano. Por exemplo, os chamados “estados da mente” e as hoje estudadas variações das ondas cerebrais.

... que fecha aqui)



Meditação é, em primeiro momento, uma prática de auto-investigação. Dependendo de algumas condições, torna-se um processo de discernimento do que é periférico e do que é central no fenômeno da consciência. Na minha prática pessoal de meditação, assim como no acompanhamento do desenvolvimento de meus alunos, percebi que, o ponto de transição da consciência que supera a angústia primordial é aquele que supera a identificação com a própria forma transitória. É quando a consciência do NADA deixa de ser um medo, para ser uma fonte de paz e prazer.

É quando se percebe que a fonte que alimenta a própria existência, o TUDO, é o próprio Nada. 
A identidade deixa de ser uma soma de projeções periféricas e se torna a consciência pura de um EU central e vazio, completamente vivo e preenchido de NADA.

TUDO que existe é a moldura de NADA. Através de tudo, se realiza o nada. Através da consciência conciliada com o nada, cada instante se torna único, inteiro, total.

Quanto mais um indivíduo é capaz de se aproximar da consciência do Nada, mais ela/ele desenvolve qualidades de integração, auto-consciência e prazer transcendental (ou não limitado por circunstâncias materiais).

Yogacharya Céu
SP 10 out 2017

Quem é o Yogacharya* Céu?

*Yogacharya: Professor autorizado

Nascido em 1963, estuda meditação e técnicas de integração da consciência e do corpo desde a adolescência, entre as quais o Sengei N’garo (arte marcial tibetana), a Natação Zen (japonesa) e o Kathakali (dança marcial masculina indiana).

Suas primeiras práticas de meditação formal começam em 1987, com a Meditação

em Movimento na linha Theravada do Ceilão, pelo Venerável Puhuwelle Vipassi, técnica da linha que deu origem ao que hoje se chama Mindfulness. Em 1997 é iniciado por Chagdud Tulku Rinpoche na prática avançada de Phowa Budista Tibetano.


Em 2000 é iniciado em Kriya Yoga, na linhagem de Sree Lahiri Mahasaya – Harirananda, do Ashram de Karar de Puri, Índia. Em 2011 é autorizado como Yogacharya Céu, dessa linhagem, pelo Swami Sarveshwarananda Giri. Conviveu brevemente com Paramahansa Hariharananda (1907-2002), de quem recebeu ensinos diretos. Hariharananda é Mestre Realizado em Kriya Yoga, discípulo direto de Yogananda e Sree Yukteshwar.

Clique aqui para conhecer melhor a linhagem Sree Lahiri-Hariharananda

entre em contato com o Yogacharya Céu através do e-mail ceu@ailhadoceu.com.br

Sarveshwarananda, setembro 2017 em São Paulo

Sarvesh estará em São Paulo de 14 a 18 de Setembro de 2017. Programe-se e aproveite!

Nascido na França em 1959, David Vachon recebeu o nome Sarveshwarananda quando tornou-se monge em 1998


Desde 1988 começou a estudar com um dos mais notáveis professores de Kriya Yoga de todos os tempos, Paramahansa Hariharananda (1907-2002), mais conhecido afetuosamente por seus alunos como Baba (Paizinho). De fato, o encontro entre ele e Baba foi bem impactante. De ateu e anarquista convicto, formado em Comunicação pela Sorbonne, David tornou-se monge renunciado e cuidador direto e mais próximo de Baba, durante os últimos anos de vida deste. Ao todo estudou e conviveu diretamente com Baba por 14 anos.

Com a morte (mahasamadhi) de Baba em 2002, Sarvesh parte para um retiro de silêncio de quase dois anos, nas montanhas dos Himalayas. Retorna em seguida, para conduzir durante 10 anos, uma série de ações humanitárias na Índia e América do Sul. Em 2009 abandona o voto monástico e em 2011 tem uma filha. Atualmente mora em Buenos Aires e viaja regularmente, iniciando alunos em meditação Kriya Yoga, oferecendo workshops de auto-conhecimento e atendendo consultas particulares de medicina ayurvedica. 

Em São Paulo, neste Setembro de 2017:

Se você quer se CONSULTAR particularmente com Sarvesh, para diagnóstico em MEDICINA AYURVÉDICA ou para seu DESENVOLVIMENTO PESSOAL:
- Contate José Orbino: jorbino@gmail.com/ cel: (11) 9 4144 8447.
- Preço da consulta individual: R$ 270,00

Se você quer participar de um curso rápido sobre a BHAGAVAD GITA como instrumento de auto conhecimento (workshop SOMOS UM BHAGAVAD GITA VIVO):

- Contate Marcos: mtvf@hotmail.com/ cel: (11) 9 9688 6377. 
- Preço: R$ 170,00
- Duração 4 horas (14h30 às 18h30), Domingo 17 de Setembro de 2017

Se você quer se iniciar na técnica de meditação KRIYA YOGA:

- Vá na palestra gratuita, para receber todas as informações e tirar suas dúvidas.
- A PALESTRA GRATUITA (DESCOBRINDO O PROPÓSITO DA VIDA) acontecerá na quinta-feira, dia 14 de Setembro de 2017, das 19h às 20h30, no Centro Cultural da Índia. Alamenda Sarutaiá, 380. Jardim Paulista.
- Reserve o Sábado, dia 16 de Setembro para sua iniciação.
- Contate Camila Bogea: camilabogea@hotmail.com/ cel (11) 9 8409 0323.
- Quem quer se iniciar, além de estar presente na PALESTRA GRATUITA, precisa oferecer, no dia da iniciação, CINCO FRUTAS, CINCO FLORES e DONATIVO FINANCEIRO de R$ 396,00

Com Amor,
Yogacharya Céu