MEDITAÇÃO aos domingos 2012
A mente daqueles que não meditam é inquieta, desprazeirosa, doentia, incansável e quer possuir tudo que vê.
(Paramahansa Hariharananda)
Nosso grupo terá duas oportunidades extras de meditar e de se encontrar para estudos nos últimos domingos de Outubro e Novembro.
Na mesma ocasião também estaremos instruindo em MEDITAÇÃO BÁSICA.
Aula aberta a qualquer pessoa de boa vontade, convide amigos e familiares!
E em Dezembro, em um domingo a ser definido, teremos também uma Iniciação em Kriya Yoga. Os interessados em se iniciarem precisam começar a se manifestar desde já e participar dos encontros preparatórios que acontecerão nestes dois domingos.
A programação é:
Dia 28 de Outubro, domingo:
15h: introdução básica à meditação UM, AULA ABERTA
17h: satsang, tema GITA, capítulo 16, das naturezas divinas e das pervertidas, ESTUDO ABERTO
18h30: meditação KRIYA YOGA, apenas para iniciados
Custo: Donativo a critério pessoal, revertido integralmente para as atividades assistenciais da Arca do Amor.
Observação: A porta permanece aberta até as 18h30. A partir desse horário já não é possível participar.
Dia 25 de Novembro, domingo:
15h: introdução básica à meditação DOIS, AULA ABERTA
17h: satsang, tema GITA, capítulo 15, do Yoga Supremo, ESTUDO ABERTO
18h30: meditação KRIYA YOGA, apenas para iniciados
Custo: Donativo a critério pessoal, revertido integralmente para as atividades assistenciais da Arca do Amor.
Observação: A porta permanece aberta até as 18h30. A partir desse horário já não é possível participar.
Local:
Rua Braz Cubas, 258 - Aclimação .
Fica a uma quadra do Parque da Aclimação.
Arte de B.G. Sharma |
Aonde existir a Consciência da Presença Transcendental e um ser capaz de manter a coluna ereta, certamente se manifestará o Caminho Iluminado, Abençoado a Vitória e Intelecto Perfeitos.
Eis o que tenho a dizer.
(Senhor do Campo da Ação)
Com Amor,
Céu D'Ellia
Etiquetas:
Bhagavad Gita,
hariharananda,
Kriya Yoga,
meditação
AMOR, YOGA & KRIYA YOGA parte 1
Palestra gratuita do Yogi Sarveshwarananda Giri no Yoga Flow a 6 de Julho de 2012
O Yogi é aluno de Paramahansa Hariharananda, da linhagem direta de Kriya Yoga desde Lahiri Mahasaya.
Kriya Yoga não é uma religião. É uma prática de meditação avançada, compatível com qualquer prática religiosa e igualmente benéfica para pessoas que não tenham nenhum tipo de crença espiritual.
Agradecimentos a Ana Maria Veiga pelo amoroso trabalho voluntário de transcrição.
Sarvesh:
Boa noite. Hare Om.
Vamos começar com um canto para abrir o misterioso coração. O quarto chakra.
Vamos repetir o mantra:
Sri Ram,
Jay Ram,
Jay Jay
Ramo
RAM é o nome de uma das encarnações de Vishnu. Na mitologia da Trindade Hindú temos três funções do mesmo Deus. A função da criação – Brahma. Da proteção, da preservação – Vishnu. E da destruição da ignrância e regeneração espiritual – Shiva
Vishnu vai vir a terra dez vezes , como Avatar. Avatar significa um descente da Luz de Deus na Terra para restabelecer a Ordem Cósmica. Quando a obscuridade está crescendo e a luminosidade decrescendo, a tradição diz que o Senhor Vishnu vai encarnar-se de novo.
Para restabelecer a ordem e dar um exemplo do que é seu Amor Divino. Exemplos dessas encarnações são Rama, ou Krishna, Buda . Podemos dizer Jesus também. É exatamente o mesmo tipo de mensagem.
SRI significa o revelado, santo. É uma partícula de reverência e bençãos.
JAY significa vitória. É um pouco como AVE, de Ave Maria.
Vamos cantar o mantra:
(para ouvir o mantra clique no vídeo acima)
Agora com os olhos fechados, a coluna bem reta, coloquem as mãos no seu coração. Observem a energia que geramos através deste Bhajam, deste nome sagrado. Concentrem-se não em seu coração físico, mas em seu coração eterno, que está batendo dentro de seu peito. Como um pulso, uma vibração especial.
Observem este sentimento, esta energia expansiva, crescendo em seu peito.
(longo silêncio de meditação)
Om Namo Bhagavate Vasudevaya
Om Namo Bhagavate Hariharanandaya
Om Namo Narayanaya
Om Nama Shivaya
Om Shanti Om Shanti Om Shanti
Deixe agora nascer uma oração espontânea surgir em seu coração. Sem pensar. Quais são as primeiras palavras que vão sair de seu coração. Uma oração de conexão com sua Alma. Sem tratar de entender de maneira intelectual. Deixando esta energia formar palavras, e repitam mentalmente esta oração.
Abra seu coração à energia cósmica que vive dentro de você. Que quer expressar-se, manifestar-se. E aceite amorosamente esta manifestação de seu coração. Esta afirmação.
Muito amor. Ame. Amém.
Sua personalidade, sua mente, seu corpo, aceitam e amam profundamente esta pessoa maravilhosa em você, que é Amor.
Agora mantendo as duas mãos no coração vamos cantar um mantra específico.
É uma semente sagrada para puruficar o chakra do coração e chama YAMA
Vamos tomar uma boa inalação, muito profunda e exalamos lentamente, profundamente.
Cantamos lentamente 3 vezes a palavra YAM
Agora visualisamos em nossas mentes a imagem do Amor Divino Perfeito. Pode ser a Virgem Maria, ou Jesus, ou Buda. Qualquer imagem. Um santo... São Francisco. A primeira imagem que surgir em sua mente quando evocamos o Amor Divino Perfeito. Pense nesta personalidade, esta figura, personalizando este Amor.
E concentre-se também na oração que surgiu em seu coração.
E ao mesmo tempo agora vamos cantar novamente o YAM com os braços abertos:
YAM
E novamente colocamos as mãos no coração, mantendo esta imagem do Amor Divino Perfeito a nossa frente e cantamos novamente, abrindo os braços, com Amor, com sorriso: YAM.
E mais uma vez, fazendo a mesma coisa: YAM.....
Colocamos as mãos relaxadas nas pernas , mantendo a coluna bem estirada, concentração nesta luz interna no coração.
Observem esta sensação que nasce em seu peito. Como se manifesta este pulso vital, que está sempre se manifestando de diferentes maneiras.
Om Namo Bhagavate Vasudevaya
Om Namo Bhagavate Hariharanandadevaya
Om Shanti Om Shanti Om Shanti
E lentamente podem abrir os seus olhos. Muito obrigado.
Pergunta Platéia:
Muitas pessoas tem dificuldade de visualizar a imagem de um santo ou uma imagem de qualquer religião em um exercício como este. Poderia ser então uma imagem da natureza, ou de alguém que elas gostem?
Sarvesh:
Sim, qualquer imagem que sair do coração. Deus tem formas infinitas. E também é sem forma. Então pode ser somente uma luz brilhante. Ou uma pessoa muito querida. Um vovô. Qualquer coisa, sem julgamento. Uma expressão espontânea de seu coração em palavras e imagem. Aceite.
Pergunta Platéia:
Quantas vezes Vishnu encarnou? Dez vezes? Alguma foi como mulher?
Sarvesh:
Vishnu já encarnou como animal, peixe, tartaruga, javali, anão, vários homens; nas encarnações parciais veio como mulher várias vezes. A característica feminina de Deus é a mais honrada na Ìndia. Deus primeiro é uma mãe, depois um pai e depois um amigo. Mas primeiro é a Mãe Divina.
Pergunta Platéia:
A nossa ideia de divindade é muito masculinizada. A gente sempre se refere a Deus como "ele"...
Sarvesh:
Sim. É mais uma convenção, não é? Na realidade não é "ele" ou "ela".
Então, esse pequeno exercício, essa prática que acabamos de fazer. Vocês sentem algo? Sentem bem? Mais amorosos?
(risos)
Fim da primeira parte.
Continua em breve, em um novo post.
Comentários:
Neste trecho inicial de sua palestra, o Yogi utilizou algumas técnicas de meditação para principiantes. Entre outras, as sílabas-semente.
Um praticante dedicado de Kriya Yoga gradativamente toma consciência de que as distintas funções do corpo, todas elas regidas pelo sistema nervoso central, estão associadas a frequências de vibração e pulsar também distintas. E o estado equilibrado de nossas funções corresponde a sons próprios.
Os Yogis ancestrais perceberam isso e organizaram esse sons no que chamamos de sílabas-semente.
A repetição cuidadosa e atenta dessas sílabas pode induzir estados de consciência e ser utilizada como forma de meditação para iniciantes.
RAM ou RAMA equilibra todos os aspectos da satisfação do corpo físico e produção adequada de energia. De modo a que os prazeres sejam desfrutados na medida, sem anulações ou excessos.
YAM ou YAMA torna o praticante apto a acolher, sustentar e expandir.
Uma das imagens que mais me marcou no período em que estive com Baba Hariharananda era como cuidava de um bebê que passava longos períodos em seu colo. A criança estava sempre alegre, feliz e calma. Não pedia pela mãe e nem mesmo esboçava um choro. E continuamente Baba repetia baixinho ao bebê, como uma canção de ninar: - Ram, Ram, Ram...
Sarveshji me disse que isso era frequênte, também com outras crianças.
Com Amor,
Céu D’Ellia
Etiquetas:
Amor,
Kriya Yoga,
sarveshwarananda,
Yoga
Encontro com o Guru
Lembre-se que você está para aprender de um e de todos
(Swami Satyananda)
O único e verdadeiro Guru está permanentemente a sua disposição.
Em sua condição humilde e perfeita, ele (ou ela, se assim for melhor para você), não lhe diz que é um Iluminado, não se veste com roupas especiais e não impõe nenhuma condição ou pagamento para lhe atender e responder a todas as suas perguntas.
Mas mesmo assim, e talvez porisso mesmo, você não consegue reconhecê-lo. Então o Guru, em sua Compaixão Infinita, até mesmo aceita jogar os jogos que você quer jogar. E vez por outra, mas não sempre, usa os disfarces que você precisa para pensar reconhecê-lo.
- Mas não sempre.
Às vezes suas dores são pequenas e ilusórias, mas seu choro é imenso. Certamente o Guru não vai atendê-lo da forma como você quer. Porque a opção pela ignorância é sua, não do Guru.
Às vezes sua dor é real: O filho que se foi, ou nunca veio. O irmão que golpeou com ódio. O afeto retirado subitamente dos braços. A injustiça. A miséria. A doença.
Então o Guru é como uma Mãe. Assumirá suas dores o quanto for necessário para que você remova os obstáculos e continue o caminho. Certamente um caminho muito diferente daquele antes imaginado. Mas com Amor.
E às vezes, raramente, você quer mesmo uma resposta espiritual. É quando nada material tomará o lugar de sua atenção. Nem mesmo a projeção de uma imagem. Porque você quer de fato saber.
Então o Guru se alegra e vibra Infinitamente. Brilha Amorosamente. E, do alto de sua cabeça coroada, sopra o som atordoante da concha do Silêncio.
Porque a função eterna do Guru é iluminar sua Consciência para que você se lembre. Não das vidas ou encarnações passadas, que há muito foram para o fundo sombrio. Mas da sua Encarnação Presente.
É esta que é preciso recordar.
- Lembre-se.
Com Amor,
Céu D'Ellia
(Swami Satyananda)
O único e verdadeiro Guru está permanentemente a sua disposição.
Em sua condição humilde e perfeita, ele (ou ela, se assim for melhor para você), não lhe diz que é um Iluminado, não se veste com roupas especiais e não impõe nenhuma condição ou pagamento para lhe atender e responder a todas as suas perguntas.
Mas mesmo assim, e talvez porisso mesmo, você não consegue reconhecê-lo. Então o Guru, em sua Compaixão Infinita, até mesmo aceita jogar os jogos que você quer jogar. E vez por outra, mas não sempre, usa os disfarces que você precisa para pensar reconhecê-lo.
- Mas não sempre.
Às vezes suas dores são pequenas e ilusórias, mas seu choro é imenso. Certamente o Guru não vai atendê-lo da forma como você quer. Porque a opção pela ignorância é sua, não do Guru.
Às vezes sua dor é real: O filho que se foi, ou nunca veio. O irmão que golpeou com ódio. O afeto retirado subitamente dos braços. A injustiça. A miséria. A doença.
Então o Guru é como uma Mãe. Assumirá suas dores o quanto for necessário para que você remova os obstáculos e continue o caminho. Certamente um caminho muito diferente daquele antes imaginado. Mas com Amor.
E às vezes, raramente, você quer mesmo uma resposta espiritual. É quando nada material tomará o lugar de sua atenção. Nem mesmo a projeção de uma imagem. Porque você quer de fato saber.
Então o Guru se alegra e vibra Infinitamente. Brilha Amorosamente. E, do alto de sua cabeça coroada, sopra o som atordoante da concha do Silêncio.
Porque a função eterna do Guru é iluminar sua Consciência para que você se lembre. Não das vidas ou encarnações passadas, que há muito foram para o fundo sombrio. Mas da sua Encarnação Presente.
É esta que é preciso recordar.
- Lembre-se.
Com Amor,
Céu D'Ellia
Sarvesh em São Paulo em 2012
Mensagem de Paramahansa Hariharananda:
Karma nos prende.
Mas assim que nos viramos ao eterno, também pode nos libertar.
Yogi Sarveshwarananda Giri em São Paulo, em 2012
De 30 de Junho a 8 de Julho de 2012, o Yogi esteve em São Paulo para workshops, palestras, iniciação em Kriya Yoga e retiro de estudos. Seu retorno em 2013 já está programado e pode ser consultado clicando aqui:
Yogi
Sarveshwarananda Giri, biografia breve:
Nascido em
Paris, França, em 1959, em uma família de professores viajantes, David Vachon
cresceu em diferentes partes do mundo, na Europa, América do Sul e Norte da
África.
Formado em
Literatura Inglêsa na Grenoble III, com Mestrado em Informação e Comunicação na
CELSA, Sorbonne. Bacharelado em Ciência da Acupuntura e Medicina Chinesa em San
Francisco (Califórnia, EUA), com graduações em massagem, educação para a saúde
e programação neuro-linguísitca e atuação na Clínica Quan Yin. Terapeuta em
Thay massagem certificado em Chiangmai, Tailândia.
De 1988 a
2002 foi aluno direto de Paramahansa Hariharananda, Mestre em Kriya Yoga
formado no Karar Ashram de Puri, aluno direto de Yogananda e Sri Yukteshwar.
Em 1997
David tomou o voto monástico na ordem Giri, recebendo o nome Sarveshwarananda
(Alegria Divina em Todas as Coisas). Serviu Hariharananda como atendente
pessoal até a morte deste último em 2002, entrando então em reclusão de
silêncio até 2004. Renunciou ao monastério em 2009, servindo desde então como
Yogacharya pai-de-família até hoje, com o nome Yogi Sarveshwarananda Giri.
Atuou em
diversas ações humanitárias, sendo fundador de organizações na Índia, EUA e
América Latina, entre as quais a Arca do Amor Hariharananda SP, em São Paulo,
Brasil.
ERYT
(Experienced Registered Yoga Teacher) registrado no Yoga Alliance.
Com Amor,
Céu D'Ellia
Etiquetas:
hariharananda,
Kriya Yoga,
Lahiri Mahasaya,
sarveshwarananda,
yogananda
Quando Einstein encontrou Tagore: Colisão e Convergência
O que segue é um trecho do livro Science and the Indian Tradition: When Einstein Met Tagore (Ciência e a Tradição Indiana: Quando Einstein encontrou Tagore), de David Goslin.
Rabindranath Tagore e Albert Einstein,
Berlin, 14 de julho de 1930
|
O livro trata de um encontro notável: a 14 de julho de 1930,
o físico Albert Einstein recebeu em seu lar em Berlin o escritor e filósofo
indiano Rabindranath Tagore. Traduzi uma pequena parte da conversa que tiveram.
E para seu estudo comparado, ou para os que não lêem português, estou postando
também o trecho original em inglês.
Palavras são o rarefeito suporte de nossa interpretação do
mundo. E traduções sempre navegam no estreito limite das culturas de cada
idioma e de cada época. Principalmente quando falamos de assuntos como Verdade,
Deus, Beleza.
A conversa entre Einstein e Rabindranath colide sempre que a
diferente interpretação das palavras leva a compreensões superficialmente
diferentes. E mais controvérsia ainda geraria se não entendessemos que o que
Tagore chama de Homem (com H maiúsculo) não é o Deus projetado com sexo
masculino da mitologia ocidental, mas a força criativa sem forma, mas já
concebida em Pessoa -Purusha-, que antecipa em um infinito de segundo o
potencial da existência, esse aspecto permanentemente receptivo e aberto a
conceber a realidade, a Mãe Divina, o Feminino, a Shakti.
É característico, como já repeti em outras ocasiões, que a
utilização de tantas diferentes palavras para dizer “Deus”, na raiz sânscrita
dessa forma de pensar de Tagore, corresponda não a simples sinônimos, mas a um
aperfeiçoado entendimento da diversidade inumerável desse conceito “Deus”.
Então mais a frente, no próprio diálogo, Tagore usa Ser Universal (Universal
Being). Porque não está mais se referindo à projeção da forma divina no mundo
humano, mas à existência que transcende a corporificação: o Verbo, o Ser.
Com Amor, Céu D’Ellia
EINSTEIN: Você acredita no Divino como separado do mundo?
TAGORE: Sem separação. A personalidade infinita do Homem
compreende o Universo. Não existe nada que não possa ser absorvido pela
personalidade humana, e isso prova que a Verdade do Universo é a Verdade
humana.
Eu tomo de um fato científico para explicar isso – Matéria é
composta de prótons e elétrons, com espaços entre eles; mas a matéria pode
parecer sólida. Similarmente a humanidade é composta de indivíduos, ainda assim
eles tem interconecções de relacionamento humano, o que dá unidade ao mundo
humano. O universo inteiro está ligado a nós de maneira similar, é um universo
humano. Eu tenho perseguido este pensamento através de arte, literatura e da
consciência religiosa do ser humano.
EINSTEIN: Existem duas concepções diferentes sobre a
natureza do universo: (1) O mundo como unidade dependente da humanidade. (2) O
mundo como realidade independente do fator humano.
TAGORE: Quando nosso universo está em harmonia com o Homem,
o eterno, nós conhecemos isso como Verdade, nós sentimos isso como beleza.
EINSTEIN: Esta é concepção puramente humana do universo.
TAGORE: Não pode haver outra concepção. Este mundo é um
mundo humano- a visão científica dele também é a visão do homem científico.
Existe um princípio comum de razão e apreciação que lhe confere Verdade, o princípio
comum do Homem Eterno, cujas experiências se dão através de nossas
experiências.
EINSTEIN: Isto é realização da entidade humana.
TAGORE: Sim, uma entidade eterna. Nós temos que tomar
consciência disso através de nossas emoções e atividades. Nós realizamos em nós
o Homem Supremo que não tem limitações individuais através de nossas
limitações. Ciência ocupa-se daquilo que não está limitado aos indivíduos; é o
mundo humano impessoal das Verdades. Religião realiza estas Verdades e as liga
às nossas necessidades mais profundas; nossa consciência individual da Verdade
adquire significação universal. Religião adiciona valores à Verdade, e nós
reconhecemos essa Verdade como boa através de nossa própria harmonia com ela.
EINSTEIN: Verdade, então, ou Beleza, não é independente do
Homem?
TAGORE: Não.
EINSTEIN: Se não houvessem mais humanos, o Apolo de
Belvedere não continuaria sendo belo.
TAGORE: Não.
EINSTEIN: Eu concordo no que se refere à concepção de
Beleza, mas não em relação à Verdade.
TAGORE: Por que não? Verdade é realizada através do ser
humano.
EINSTEIN: Eu não posso provar que minha concepção está
certa, mas esta é minha religião.
TAGORE: Beleza está no ideal da harmonia perfeita que está
no Ser Universal; Verdade a compreensão perfeita da Mente Universal. Nós
indivíduos nos aproximamos disso através de nossos próprios erros e desatinos,
através de nossa experiência acumulada, através de nossa consciência iluminada
– de que outra forma, se não essa, podemos conhecer a Verdade?
EINSTEIN: Eu não posso provar cientificamente que Verdade
precisa ser concebida como a Verdade que é válida independente da humanidade;
mas eu acredito nisso firmemente. Eu acredito, por exemplo, que o teorema de
Pitágoras na geometria determina algo que é aproximadamente verdadeiro
independente da existência do homem. De qualquer forma, se existe uma realidade
independente do homem, também existe a Verdade relativa a esta realidade; e de
certa forma a negação da primeira gera a negação da existência da seguinte.
TAGORE: Verdade, que é uma com o Ser Universal, precisa
essencialmente ser humana, senão o que quer que nós humanos concebamos como
verdadeiro não pode ser chamado de verdade – ao menos a Verdade que é descrita
como científica e que pode apenas ser alcançada através do processo da lógica.
Em outras palavras, através de um orgão de pensamentos que é humano. De acordo
com a Filosofia Indiana, existe Brahman, a Verdade absoluta, que não pode ser
concebida pelo isolamento da mente individual ou descrita por palavras, mas que
pode apenas ser realizada pela completa fusão do individual em seu infinito.
Mas tal Verdade não pode pertencer à Ciência. A natureza da Verdade que nós
estamos discutindo é uma aparência – dito isso, o que aparenta ser verdadeiro à
mente humana, e portanto é humano, e pode ser chamado de maya ou ilusão.
EINSTEIN: Então, de acordo o seu entendimento, que pode ser
o entendimento indiano, não é a ilusão do indivíduo, mas da humanidade como um
todo.
TAGORE: As espécies também pertencem a uma unidade, à
humanidade. Portanto a mente humana inteira realiza Verdade; a mente indiana ou
a européia encontram-se em uma realização partilhada.
EINSTEIN: A palavra espécies é usada em alemão para todos os
sêres humanos, na verdade, até mesmo os macacos e os sapos pertencem a isso.
TAGORE: Em ciência nós aplicamos a disciplina de eliminação
das limitações pessoais de nossas mentes individuais e assim atingir aquela
compreensão da Verdade que é a mente do Homem Universal.
EINSTEIN: O problema começa se por acaso a Verdade é independente
de nossa consciência..
TAGORE: O que nós chamamos verdade reside na harmonia
racional entre os aspectos objetivos e subjetivos da realidade, ambos os quais
pertencem ao home supra-pessoal.
EINSTEIN: Até mesmo em nossa vida diária nos sentimos compelidos
a atribuir uma realidade independente do homem aos objetos que usamos. Nós
fazemos isso para conectar a experiência de nossos sentidos de uma maneira
razoável. Por exemplo, se ninguém está em casa, ainda assim a mesa permanece
onde está.
TAGORE: Sim, permanece fora da mente individual, mas não
fora da mente universal. A mesa que percebo é percebida pela mesma forma de
consciência que eu possuo.
EINSTEIN: Se ninguém estiver na casa, a mente continuará a
existir da mesma forma – mas isto já está invalidado do nosso ponto de vista –
porque nós não podemos explicar o que significa a mesa estar lá, independente
de nós.
Nosso ponto de vista natural em relação à existência da
verdade separada da humanidade não pode ser explicado ou provado, mas é uma
crença da qual ninguém pode se abster – nem mesmo seres primitivos. Nós
atribuímos à Verdade uma objetividade super-humana; é indispensável para nós,
essa realidade que é independente de nossa existência e de nossa experiência e
de nossa mente – apesar de não conseguirmos dizer o que isso significa.
TAGORE: A ciência tem provado que a mesa como um objeto
sólido é uma aparência e no entanto aquilo que a mente humana percebe como mesa
não existiria se essa mente fosse anulada. Ao mesmo tempo é preciso admitir que
o fato, que a última realidade física é nada senão uma série de centros
circulatórios de força elétrica separados, que também pertencem à mente humana.
Na apreensão da Verdade existe um conflito eterno entre a
mente humana universal e a mesma mente confinada no indivíduo. O perpétuo
processo de reconciliação tem sido levado adiante através de nossa ciência,
filosofia, em nossa ética. Em todo caso, se existir alguma Verdade
absolutamente não relacionada à humanidade, então para nós é absolutamente
não-existente.
Não é difícil imaginar uma mente para a qual a sequência de
coisas acontecem não no espaço mas apenas no tempo, como a sequência de notas
em música. Para tal mente, tal concepção de realidade é igual à realidade
musical na qual a geometria de Pitágoras pode não ter significado. Existe a
realidade do papel, infinitamente diferente da realidade da literatura. Para o
tipo de mente possuída pela traça que come aquele papel, literatura é
absolutamente não existente, ainda que para a mente do Homem literatura tenha
um valor maior de Verdade que a realidade mesmo do papel. De uma maneira
similar, se há alguma Verdade que não tem sensorialidade ou relação racional
com a mente humana, permanecerá como nada enquanto permanecermos seres humanos.
EINSTEIN: Então eu sou mais religioso do que você!
TAGORE: Minha religião é a reconciliação do Homem
Supra-pessoal, o espírito humano universal, no meu próprio ser individual.
EINSTEIN: Do you believe in the Divine as isolated from the world?
TAGORE: Not isolated. The infinite personality of Man comprehends the Universe. There cannot be anything that cannot be subsumed by the human personality, and this proves that the Truth of the Universe is human Truth.
I have taken a scientific fact to explain this – Matter is composed of protons and electrons, with gaps between them; but matter may seem to be solid. Similarly humanity is composed of individuals, yet they have their interconnection of human relationship, which gives living unity to man’s world. The entire universe is linked up with us in a similar manner, it is a human universe. I have pursued this thought through art, literature and the religious consciousness of man.
EINSTEIN: There are two different conceptions about the nature of the universe: (1) The world as a unity dependent on humanity. (2) The world as a reality independent of the human factor.
TAGORE: When our universe is in harmony with Man, the eternal, we know it as Truth, we feel it as beauty.
EINSTEIN: This is the purely human conception of the universe.
TAGORE: There can be no other conception. This world is a human world – the scientific view of it is also that of the scientific man. There is some standard of reason and enjoyment which gives it Truth, the standard of the Eternal Man whose experiences are through our experiences.
EINSTEIN: This is a realization of the human entity.
TAGORE: Yes, one eternal entity. We have to realize it through our emotions and activities. We realized the Supreme Man who has no individual limitations through our limitations. Science is concerned with that which is not confined to individuals; it is the impersonal human world of Truths. Religion realizes these Truths and links them up with our deeper needs; our individual consciousness of Truth gains universal significance. Religion applies values to Truth, and we know this Truth as good through our own harmony with it.
EINSTEIN: Truth, then, or Beauty is not independent of Man?
TAGORE: No.
EINSTEIN: If there would be no human beings any more, the Apollo of Belvedere would no longer be beautiful.
TAGORE: No.
EINSTEIN: I agree with regard to this conception of Beauty, but not with regard to Truth.
TAGORE: Why not? Truth is realized through man.
EINSTEIN: I cannot prove that my conception is right, but that is my religion.
TAGORE: Beauty is in the ideal of perfect harmony which is in the Universal Being; Truth the perfect comprehension of the Universal Mind. We individuals approach it through our own mistakes and blunders, through our accumulated experiences, through our illumined consciousness – how, otherwise, can we know Truth?
EINSTEIN: I cannot prove scientifically that Truth must be conceived as a Truth that is valid independent of humanity; but I believe it firmly. I believe, for instance, that the Pythagorean theorem in geometry states something that is approximately true, independent of the existence of man. Anyway, if there is a reality independent of man, there is also a Truth relative to this reality; and in the same way the negation of the first engenders a negation of the existence of the latter.
TAGORE: Truth, which is one with the Universal Being, must essentially be human, otherwise whatever we individuals realize as true can never be called truth – at least the Truth which is described as scientific and which only can be reached through the process of logic, in other words, by an organ of thoughts which is human. According to Indian Philosophy there is Brahman, the absolute Truth, which cannot be conceived by the isolation of the individual mind or described by words but can only be realized by completely merging the individual in its infinity. But such a Truth cannot belong to Science. The nature of Truth which we are discussing is an appearance – that is to say, what appears to be true to the human mind and therefore is human, and may be called maya or illusion.
EINSTEIN: So according to your conception, which may be the Indian conception, it is not the illusion of the individual, but of humanity as a whole.
TAGORE: The species also belongs to a unity, to humanity. Therefore the entire human mind realizes Truth; the Indian or the European mind meet in a common realization.
EINSTEIN: The word species is used in German for all human beings, as a matter of fact, even the apes and the frogs would belong to it.
TAGORE: In science we go through the discipline of eliminating the personal limitations of our individual minds and thus reach that comprehension of Truth which is in the mind of the Universal Man.
EINSTEIN: The problem begins whether Truth is independent of our consciousness.
TAGORE: What we call truth lies in the rational harmony between the subjective and objective aspects of reality, both of which belong to the super-personal man.
EINSTEIN: Even in our everyday life we feel compelled to ascribe a reality independent of man to the objects we use. We do this to connect the experiences of our senses in a reasonable way. For instance, if nobody is in this house, yet that table remains where it is.
TAGORE: Yes, it remains outside the individual mind, but not the universal mind. The table which I perceive is perceptible by the same kind of consciousness which I possess.
EINSTEIN: If nobody would be in the house the table would exist all the same – but this is already illegitimate from your point of view – because we cannot explain what it means that the table is there, independently of us.
Our natural point of view in regard to the existence of truth apart from humanity cannot be explained or proved, but it is a belief which nobody can lack – no primitive beings even. We attribute to Truth a super-human objectivity; it is indispensable for us, this reality which is independent of our existence and our experience and our mind – though we cannot say what it means.
TAGORE: Science has proved that the table as a solid object is an appearance and therefore that which the human mind perceives as a table would not exist if that mind were naught. At the same time it must be admitted that the fact, that the ultimate physical reality is nothing but a multitude of separate revolving centres of electric force, also belongs to the human mind.
In the apprehension of Truth there is an eternal conflict between the universal human mind and the same mind confined in the individual. The perpetual process of reconciliation is being carried on in our science, philosophy, in our ethics. In any case, if there be any Truth absolutely unrelated to humanity then for us it is absolutely non-existing.
It is not difficult to imagine a mind to which the sequence of things happens not in space but only in time like the sequence of notes in music. For such a mind such conception of reality is akin to the musical reality in which Pythagorean geometry can have no meaning. There is the reality of paper, infinitely different from the reality of literature. For the kind of mind possessed by the moth which eats that paper literature is absolutely non-existent, yet for Man’s mind literature has a greater value of Truth than the paper itself. In a similar manner if there be some Truth which has no sensuous or rational relation to the human mind, it will ever remain as nothing so long as we remain human beings.
EINSTEIN: Then I am more religious than you are!
TAGORE: My religion is in the reconciliation of the Super-personal Man, the universal human spirit, in my own individual being.
Subscrever:
Mensagens (Atom)